O profissionalismo
1. Não sei se os árbitros devem ou não profissionalizar-se mas, mesmo mantendo uma grande série de dúvidas e de suspeitas, aceito que experiências semelhantes sejam positivas e vantajosas. Reconheço apenas que é necessário que as arbitragens sejam melhores, que exista mais transparência nesse universo – e chego até a aceitar que sejam introduzidas inovações de natureza tecnológica de modo a facilitar e a melhorar o trabalho dos árbitros. Isso é uma coisa. Inteiramente diferente é a profissionalização dos árbitros, como entende o novo presidente da Liga de Clubes, contra a opinião da Federação. Ora, essa profissionalização custa dinheiro. Quem deve pagá-la? Naturalmente, a Liga de Clubes.
Acontece que o secretário de Estado do Desporto afirmou, como é seu dever, que não admite subsidiar essa profissionalização. Faz muito bem Laurentino Dias, partindo do princípio de que quem não tem dinheiro não tem vícios e de que só se pode ser "profissional" quando a profissão garante o salário. É evidente que os clubes podem pagar a arbitragem, mas não sei se estão dispostos a isso. Preferem ter os árbitros ao alcance da mão para se desculparem ou para arranjarem desculpas (o que são coisas diferentes). Se o presidente da Liga quer árbitros profissionais (no que eu antevejo algumas vantagens, como disse), então deve pagar-lhes para que eles se mantenham independentes,
sem estar à espera de eventuais e, a meu ver, inusitados apoios do governo. Nada tão simples.
2. A 6 de Maio passado, num Boavista - F. C. Porto, Ricardo Silva agrediu Anderson. Passados seis meses, esta semana, a comissão de disciplina da Liga decidiu avançar com um castigo. Para exemplo de profissionalismo, já dá que pensar. Seis meses de profissionalismo. Mas querem melhor exemplo de profissionalismo na Liga de Clubes do que aquilo que aconteceu com o célebre "caso Mateus"?
3. Contra mim falo, que tinha os maiores receios acerca do regresso de Hélder Postiga. O miúdo das Caxinas entrou bem na época. Bruno Moraes está debaixo de olho – será ele mais um dos pontas de que o F. C. Porto precisa?
4. Querem que fale do Sporting – F. C. Porto? Lamento, mas o meu coração só tem uma cor e é conhecida. Mentir para quê? Fingir que sou equidistante, porquê? Não vale a pena. Podia dizer que gostava de ver amanhã um bom jogo de futebol, cheio de "fair play", de elegância e de combatividade muito leal, e é verdade que esse é um bom desejo, generoso e louvável. Podia, de facto. Mas alguém ia acreditar? Tenho uma legião de amigos sportinguistas à espreita, vigilantes. Eles acham que eu devo ser "profissional". Não percebem nada do assunto.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 21 Outubro 2006
Acontece que o secretário de Estado do Desporto afirmou, como é seu dever, que não admite subsidiar essa profissionalização. Faz muito bem Laurentino Dias, partindo do princípio de que quem não tem dinheiro não tem vícios e de que só se pode ser "profissional" quando a profissão garante o salário. É evidente que os clubes podem pagar a arbitragem, mas não sei se estão dispostos a isso. Preferem ter os árbitros ao alcance da mão para se desculparem ou para arranjarem desculpas (o que são coisas diferentes). Se o presidente da Liga quer árbitros profissionais (no que eu antevejo algumas vantagens, como disse), então deve pagar-lhes para que eles se mantenham independentes,
sem estar à espera de eventuais e, a meu ver, inusitados apoios do governo. Nada tão simples.
2. A 6 de Maio passado, num Boavista - F. C. Porto, Ricardo Silva agrediu Anderson. Passados seis meses, esta semana, a comissão de disciplina da Liga decidiu avançar com um castigo. Para exemplo de profissionalismo, já dá que pensar. Seis meses de profissionalismo. Mas querem melhor exemplo de profissionalismo na Liga de Clubes do que aquilo que aconteceu com o célebre "caso Mateus"?
3. Contra mim falo, que tinha os maiores receios acerca do regresso de Hélder Postiga. O miúdo das Caxinas entrou bem na época. Bruno Moraes está debaixo de olho – será ele mais um dos pontas de que o F. C. Porto precisa?
4. Querem que fale do Sporting – F. C. Porto? Lamento, mas o meu coração só tem uma cor e é conhecida. Mentir para quê? Fingir que sou equidistante, porquê? Não vale a pena. Podia dizer que gostava de ver amanhã um bom jogo de futebol, cheio de "fair play", de elegância e de combatividade muito leal, e é verdade que esse é um bom desejo, generoso e louvável. Podia, de facto. Mas alguém ia acreditar? Tenho uma legião de amigos sportinguistas à espreita, vigilantes. Eles acham que eu devo ser "profissional". Não percebem nada do assunto.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 21 Outubro 2006
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