junho 22, 2011

Blog # 893

A morte de Pedro Hestnes devia afligir-nos – não só porque se trata da morte, em si mesma, mas porque a quase eterna juventude do rosto de Hestnes há-de ficar a marcar uma parte do cinema português dos anos noventa, com a sua placidez, a sua beleza sem tranquilidade, o seu olhar. Passou pelos filmes fundamentais dessa era de renovação – de ‘O Sangue’, de Pedro Costa, a ‘Agosto’, de Jorge Silva Melo, ou ‘A Idade Maior’, de Teresa Villaverde e ‘Três Menos Eu’, de João Canijo. Há outros, mas recordo estes de memória (ah, e ‘Xavier’, de Mozos), como uma espécie de elogio do seu rosto, como uma estrela distante do cinema que fomos capazes de reinventar. Tínhamos a mesma idade, 49, o que é mais doloroso. Quando alguém parte, assim, deixa a impressão de ter ficado muito por fazer.

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Uma família feliz, filhos, marido, casa, hipotecas, tudo como manda a América. E, de repente, Anna Quindlen escreve ‘Até ao Último Medo’ (Civilização) para desconstruir esse cenário e anunciar que o mundo não pode ser perfeito.

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FRASES

"Em três semanas de ação na Líbia, a Europa esgotou as munições." João Vaz, ontem, no CM.

"Quem me dera que o modernismo e o experimentalismo tivessem influenciado a narrativa em Portugal." Alexandre Andrade, no blogue Um Blog Sobre Kleist.

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