maio 20, 2011

Blog # 870

Albrecht Dürer nasceu há 470 anos; a data (comemora-se amanhã) não é assinalada em Portugal — mas devia. É um dos artistas que mais me comove (pela sua arte, que traduzia sabedoria na matemática e na geometria – mas também uma melancolia que alastrava em todas as suas obras). É ele o autor da gravura que representa o rinoceronte indiano que o rei D. Manuel I teria enviado em 1515 ao papa Leão X, na célebre e sumptuosa embaixada que contribuiu para deixar a nossa economia de rastos. Vaidade sobre vaidade; é a nossa história. Dürer, meticuloso, gravou o rinoceronte sem o ter visto, apenas com base em descrições; era perfeito – mas o animal nunca chegou a Roma, morrendo no mediterrâneo. Portugal também nunca cumpriu essa missão de fausto e grandeza; ficou o exótico rinoceronte de Dürer.

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Duas reedições de luxo no catálogo da Dom Quixote durante o mês de Junho: ‘A Toupeira’, de John Le Carré (o leitor sabe que já estou em posição de partida...), e ‘Catch 22’, de Joseph Heller, um título a não perder. Isto sim, promete.

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FRASES

"O que se quer é ‘animais políticos’ que tentam rasteiras e fazem truques." Lourenço Cordeiro, no blogue Complexidade e Contradição.

"Como se fosse possível que tão poucos enganassem tantos durante tanto tempo..." Eduardo Dâmaso, ontem, no CM.

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