maio 13, 2011

Blog # 865

Manuel António Pina é um poeta raríssimo – uma sorte tê-lo na nossa língua. A sua obra é uma referência de beleza e de perplexidade, uma investigação sobre a natureza da própria poesia e da profunda religiosidade que a cerca, limita e abre para o resto do mundo. Tem um poema (“A poesia vai acabar”, do seu primeiro livro ‘Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo, Calma é Apenas um Pouco Tarde’, de 1974), entre muitos, que me maravilha e comove – e onde pergunta: “Que fez algum poeta por este senhor?” Essa interrogação estende-se a quase todos os seus livros (traduzindo: o que faz a poesia pelas pessoas?) como uma procura do humano e do poético. O Prémio Camões não festeja apenas uma das vozes maiores da nossa língua – é a homenagem a um grande poeta em qualquer geografia.

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Mesmo para quem não “aprecia” contos: as histórias de ‘O Homem do Turbante Verde’, de Mário de Carvalho (Caminho), são desafios da ironia, um verdadeiro contratempo contra a literaturazinha – eu corria, já, a reservar o livro.

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FRASES

"Pegámos nas nossas coisas e fomos fazer a festa, como temos feito desde que aqui estamos." Jel, dos Homens na Luta, ontem, no CM.

"É tudo tão estúpido que chega a ser perfeito." Filipe Nunes Vicente, no blogue Mau-Mau.

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