março 05, 2008

Blog # 43

Parece que vai nascer um novo partido “entre o PS e o PSD”, “humanista” e que “quer estar ao centro”. O seu líder, Rui Marques, diz que quer oferecer aos portugueses uma “política da esperança”. Convenhamos que não é muito original – a ideia é baralhar o ‘centro’, que já anda confuso e espatifado e cheio de patifes. O projecto do Movimento Esperança Portugal integra-se naquele conjunto de iniciativas cheias de boa vontade e de ingenuidade que todos os cardiologistas gostariam de ver a contaminar a sociedade. Felizmente, a política não se fez para quem quer conciliar os portugueses e fazer-lhes ver o caminho da alegria – para isso existem o futebol, a psicanálise, o sexo e até a religião, entre outras coisas. A política é um mundo complexo cheio de compromissos, descaramento e gente de mau-feitio. É nessas coisas que acreditamos. Quando ofereceram o poder ao Mestre de Avis, explicaram-lhe: prometa o que não pode, ofereça o que não tem e perdoe a quem não o ofendeu. Aprendam.

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Há uma sensação de perda com a morte de Maria Gabriela Llansol. Pelos seus textos, pelo seu afastamento, pela sua distância em relação ao mundo. Não sendo ficcionista nem romancista, Gabriela Llansol era prosadora. Tinha uma ideia da prosa, do sentido e da escrita. Estava para lá do romance. Quis transformar a prosa em poesia.

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Livros para o próximo fim-de-semana: para já, o romance de Jonathan Coe, ‘O Círculo Fechado’ (edição ASA), um retrato da Inglaterra de hoje.

E o novo livro do espanhol Antonio Muñoz Molina, ‘O Vento da Lua’ (edição Casa das Letras), uma visitação à adolescência dos anos 60.

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FRASES

"Muitas vezes até há pessoas próximas que se matam." João de Sousa, ex-PJ, ontem no CM

"Qualquer pessoa que dê pontapezinhos em Don DeLillo podia facilmente ser meu amigo" Rogério Casanova, no blogue Pastoral Portuguesa

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