O que Scolari devia ter dito, tchê!
1. Scolari tem razão num ponto: Portugal vai ao Euro, e isso é indesmentível. Cumpriu a sua função. Mas tem de responder às perguntas que os jornalistas lhe colocam – está no seu caderno de encargos. Por exemplo, se alguém lhe perguntasse se estava contente com o futebol praticado durante esta fase de apuramento, Scolari deveria ser aconselhado (ele vive muito de conselhos) a responder com bonomia brasileira em vez de usar a teimosia da serra gaúcha (Passo Fundo está cheio de exemplos). Podia dizer coisas simples que toda a gente compreende, com aquele canto da boca cheio de ironia: “É, olha, foi uma merda, mas olha, nós vamos ao Europeu e os ingleses ficam em casa. Foi uma merda, mas olha, isto não é o fim do mundo.” Toda a gente entenderia. Somos generosos compulsivos.
2. Scolari podia ter falado com a sensação do dever cumprido. Não. Preferiu falar com a ideia de que tem o rei na barriga, o que não é verdade. Daqui até Junho de 2008, de qualquer modo, vai irritar-se mais vezes.
3. Mas, tchê, até poderia falar como um gaúcho: “Foi a laço e espora, mas eles abriram cancha. Teve alturas em que os guris, esses potrilhos, se mostraram colhudos, aguentando o repuxo, porque esteve duro de pelear. Mas bah, capaz! Foi até tri-legal, se bem que tive de passar um arreio nos guapos, e alguns estiveram com o pé no estribo, mas a indiada merece. Futebol não é passar no pelego nem é pra quem usa água-de-cheiro. Às vezes tem que servir manotaço no sérvio, tem que cutucar juiz, tem que dar guasqueaço na hora. E é isso que os macanudos vão fazer lá na Áustria, vai ser barbaridade de campear pela Orópa, ganhando àqueles guascas. A gente se reserva pró fandango. Falar sobre o que passou é gastar pólvora em chimango, não adianta chorar as pitangas. Hoje o bagual está de aspa-torta, porque esteve meio enredado, mas na Copa vamos passar o relho neles que nem serrano enfrentando o minuano. Quanto a ti, jornalista, te fresquéia, gaudério, lasqueado, seu chinelão! Deu pra ti. Te liga, guaipeca!”
Oh, a gente entenderia.
4. Regressa o campeonato. Os próximos três jogos (Setúbal, Benfica e Guimarães) são decisivos para o FC Porto. A minha frase até ao fim é “ainda há muito futebol pela frente”, mas há vantagens que se adquirem e deslizes que comprometem. Os dois últimos empates foram um sinal no meio da aparente tranquilidade em que vivia o plantel; o do Estrela, então, foi mais do que isso: foi um aviso sério e, simultaneamente, um castigo à incompetência. Ganhar estes três jogos é conquistar metade do campeonato, basta fazer as contas. Mas ainda há muito futebol pela frente.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 24 Novembro 2007
2. Scolari podia ter falado com a sensação do dever cumprido. Não. Preferiu falar com a ideia de que tem o rei na barriga, o que não é verdade. Daqui até Junho de 2008, de qualquer modo, vai irritar-se mais vezes.
3. Mas, tchê, até poderia falar como um gaúcho: “Foi a laço e espora, mas eles abriram cancha. Teve alturas em que os guris, esses potrilhos, se mostraram colhudos, aguentando o repuxo, porque esteve duro de pelear. Mas bah, capaz! Foi até tri-legal, se bem que tive de passar um arreio nos guapos, e alguns estiveram com o pé no estribo, mas a indiada merece. Futebol não é passar no pelego nem é pra quem usa água-de-cheiro. Às vezes tem que servir manotaço no sérvio, tem que cutucar juiz, tem que dar guasqueaço na hora. E é isso que os macanudos vão fazer lá na Áustria, vai ser barbaridade de campear pela Orópa, ganhando àqueles guascas. A gente se reserva pró fandango. Falar sobre o que passou é gastar pólvora em chimango, não adianta chorar as pitangas. Hoje o bagual está de aspa-torta, porque esteve meio enredado, mas na Copa vamos passar o relho neles que nem serrano enfrentando o minuano. Quanto a ti, jornalista, te fresquéia, gaudério, lasqueado, seu chinelão! Deu pra ti. Te liga, guaipeca!”
Oh, a gente entenderia.
4. Regressa o campeonato. Os próximos três jogos (Setúbal, Benfica e Guimarães) são decisivos para o FC Porto. A minha frase até ao fim é “ainda há muito futebol pela frente”, mas há vantagens que se adquirem e deslizes que comprometem. Os dois últimos empates foram um sinal no meio da aparente tranquilidade em que vivia o plantel; o do Estrela, então, foi mais do que isso: foi um aviso sério e, simultaneamente, um castigo à incompetência. Ganhar estes três jogos é conquistar metade do campeonato, basta fazer as contas. Mas ainda há muito futebol pela frente.
in Topo Norte – Jornal de Notícias – 24 Novembro 2007
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