maio 26, 2007

Bons ventos do Minho


Em Famalicão, junto à Casa das Artes, um restaurante bonito e com uma esplanada agradável.

Ventos de revolução nas cozinhas das nossas pro­víncias chegam aqui e ali, espalham-se a bom ritmo. O meu bom Minho gastronómico aceita também essas propostas de bom grado, porque ele também é pimpão e atrevido – não apenas na continuação da chamada Área Metropolitana do Porto, mas tam­bém entre silvados, pinhais, vinhas de enforcado, fragas esverdeadas e profundas em cujas sombras podemos descansar e oferecer-nos uma sesta depois de um almoço em restaurantes para cuja enumera­ção a memória vai falhando mas o apetite nunca falta em chegando a hora.

Famalicão ganhou já independência gastronómica há muito tempo. Há restaurantes onde se suspeita que Camilo Castelo Branco se atreveria a repousar e a comer, vetustas salas de jantar onde a oferta de rojões já foi ultrapassada pela descoberta de que o século passado findou há muito, e experiências a reservar no nosso paladar. Nem todas são boas, essas experiências – não vá o diabo tentar-nos –, mas a expectativa mantém-se para os próximos tempos de peregrinação gastronómica.

Pois, junto da Casa das Artes de Famalicão fica o Massimo, um restaurante cuja esplanada se reco­menda a partir de agora com os primeiros calores que anunciam o Verão. Arejado, aberto para o relvado em frente, iluminado pela luz do Sol durante o dia e com adequadas penumbras à noite, de madeiras escuras no chão, o Massimo designa-se a si mesmo como "restaurante lounge". Assim seja. Um ar de moderni­dade na Famalicão que já foi de Camilo.

Para come­çar, bom gosto nas loiças e no 'couvert', com um azeite razoável e vinagre balsâmico, e pão estaladiço (no Minho, meu deus, faltava a broazinha). Seja como for, de uma lista de entradas em que se distin­guem um 'camembert' panado com compota de abóbora, míscaros grelhados, ovos de cordoniz estrelados sobre cogumelos grelhados, 'revuelto' de espargos trigueiros e gambas (ou seja, ovos mexidos com espargos), salmão fumado com queijo fresco, vieiras gratinadas na concha, camarões tigre fritos em ' Alvarinho, presunto Pata Negra com 'foie gras', 'foie gras' laçado com puré de maçã, 'carpaccio' de lombo - escolhemos a primeira proposta, que passou no exame, e fiquei com apetites da sugestão basca dos cogumelos com ovinhos.

Passemos sobre as saladas (agridoce, com laminado de carne, de marisco ou mista de legumes grelhados) e anotemos apenas as massas: 'ravioli' com espinafres e queijo 'ricotta', 'tagliatelle' de gambas com creme fresco aveludado, 'spaghetti' de lavagante e caviar de ouriço-do-mar, 'penne' com salmão, lasanha de bife. Daqui, passe­mos aos peixes: pescada em massa 'brick' com molho de lavagante, tranche de cherne com espargos verdes salteados em manteiga, espetadinhas de polvo à laga­reiro, lombo de bacalhau no forno com maionese de azeite quente, bacalhau com crosta de broa em cama de grelos, arroz de tamboril e mariscos, arroz de lava­gante. E às carnes: bife cardeal, bife três pimentas, bife de massa folhada com 'foie gras' e batata gratinada, mil-folhas de rosbife, naco especial de 'foie gras' fresco, veado estufado com pimentos, secretos de porco preto grelhados, perna de pato confitada ou folhado de perdiz com arroz selvagem. O bife com três pimentas pareceu suculento e apetitoso, no ponto; o bife em massa folhada estava seco e não se percebeu a introdução de uma fatia de presunto fumado sob a massa, mas as batatinhas gratinadas eram excelentes. Tentaremos depois. Havia também, como prato do dia, além de um peixe grelhado, pataniscas com um arroz de feijão, que me pareceu muito apetitoso e cremoso.

Nas sobremesas, a prova de um bolo de chocolate com 'coulis' de frutos silvestres pareceu boa e o 'demi-cuit' com gelado de tangerina (um 'petit-gateau' formoso) convenceu perfeitamente. Havia ainda delícia de queijo com noz, leite-creme em massa 'brick' com 'coulis' de morango, mousse de chocolate 'praliné' com menta, quindim, suspiros com creme de ananás e morangos e a fruta laminada (que era reduzida em termos de variedade).

É um bom começo para o Massimo (com boa carta de vinhos), a que voltaremos durante o Verão para a segunda chamada.

À Lupa
Vinhos: * * *
Digestivos: * * *
Acesso: * * *
Decoração: * * *
Serviço: * * *
Acolhimento: * * *
Mesa: * *
Ruído da sala: * * *
Ar condicionado: * * * *

Garrafeira
Vinhos tintos: 50
Vinhos brancos: 28
Aguardentes & Conhaques: 12
Portos & Madeiras: 12
Uísques: 18

Outros dados
Charutos: não
Estacionamento: fácil (parque nas traseiras)
Levar crianças: sim
Área de não fumadores: não
Reserva: aconselhável
Preço médio: 25 euros

MASSIMO
Parque de Sinçães (Casa das Artes)
4760-022 Vila Nova de Famalicão
Tel: 252 371 800
Encerra aos domingos à noite e às segundas-feiras

in Revista Notícias Sábado – 26 Maio 2007

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