Bons ventos do Minho
Em Famalicão, junto à Casa das Artes, um restaurante bonito e com uma esplanada agradável.
Ventos de revolução nas cozinhas das nossas províncias chegam aqui e ali, espalham-se a bom ritmo. O meu bom Minho gastronómico aceita também essas propostas de bom grado, porque ele também é pimpão e atrevido – não apenas na continuação da chamada Área Metropolitana do Porto, mas também entre silvados, pinhais, vinhas de enforcado, fragas esverdeadas e profundas em cujas sombras podemos descansar e oferecer-nos uma sesta depois de um almoço em restaurantes para cuja enumeração a memória vai falhando mas o apetite nunca falta em chegando a hora.
Famalicão ganhou já independência gastronómica há muito tempo. Há restaurantes onde se suspeita que Camilo Castelo Branco se atreveria a repousar e a comer, vetustas salas de jantar onde a oferta de rojões já foi ultrapassada pela descoberta de que o século passado findou há muito, e experiências a reservar no nosso paladar. Nem todas são boas, essas experiências – não vá o diabo tentar-nos –, mas a expectativa mantém-se para os próximos tempos de peregrinação gastronómica.
Pois, junto da Casa das Artes de Famalicão fica o Massimo, um restaurante cuja esplanada se recomenda a partir de agora com os primeiros calores que anunciam o Verão. Arejado, aberto para o relvado em frente, iluminado pela luz do Sol durante o dia e com adequadas penumbras à noite, de madeiras escuras no chão, o Massimo designa-se a si mesmo como "restaurante lounge". Assim seja. Um ar de modernidade na Famalicão que já foi de Camilo.
Para começar, bom gosto nas loiças e no 'couvert', com um azeite razoável e vinagre balsâmico, e pão estaladiço (no Minho, meu deus, faltava a broazinha). Seja como for, de uma lista de entradas em que se distinguem um 'camembert' panado com compota de abóbora, míscaros grelhados, ovos de cordoniz estrelados sobre cogumelos grelhados, 'revuelto' de espargos trigueiros e gambas (ou seja, ovos mexidos com espargos), salmão fumado com queijo fresco, vieiras gratinadas na concha, camarões tigre fritos em ' Alvarinho, presunto Pata Negra com 'foie gras', 'foie gras' laçado com puré de maçã, 'carpaccio' de lombo - escolhemos a primeira proposta, que passou no exame, e fiquei com apetites da sugestão basca dos cogumelos com ovinhos.
Passemos sobre as saladas (agridoce, com laminado de carne, de marisco ou mista de legumes grelhados) e anotemos apenas as massas: 'ravioli' com espinafres e queijo 'ricotta', 'tagliatelle' de gambas com creme fresco aveludado, 'spaghetti' de lavagante e caviar de ouriço-do-mar, 'penne' com salmão, lasanha de bife. Daqui, passemos aos peixes: pescada em massa 'brick' com molho de lavagante, tranche de cherne com espargos verdes salteados em manteiga, espetadinhas de polvo à lagareiro, lombo de bacalhau no forno com maionese de azeite quente, bacalhau com crosta de broa em cama de grelos, arroz de tamboril e mariscos, arroz de lavagante. E às carnes: bife cardeal, bife três pimentas, bife de massa folhada com 'foie gras' e batata gratinada, mil-folhas de rosbife, naco especial de 'foie gras' fresco, veado estufado com pimentos, secretos de porco preto grelhados, perna de pato confitada ou folhado de perdiz com arroz selvagem. O bife com três pimentas pareceu suculento e apetitoso, no ponto; o bife em massa folhada estava seco e não se percebeu a introdução de uma fatia de presunto fumado sob a massa, mas as batatinhas gratinadas eram excelentes. Tentaremos depois. Havia também, como prato do dia, além de um peixe grelhado, pataniscas com um arroz de feijão, que me pareceu muito apetitoso e cremoso.
Nas sobremesas, a prova de um bolo de chocolate com 'coulis' de frutos silvestres pareceu boa e o 'demi-cuit' com gelado de tangerina (um 'petit-gateau' formoso) convenceu perfeitamente. Havia ainda delícia de queijo com noz, leite-creme em massa 'brick' com 'coulis' de morango, mousse de chocolate 'praliné' com menta, quindim, suspiros com creme de ananás e morangos e a fruta laminada (que era reduzida em termos de variedade).
É um bom começo para o Massimo (com boa carta de vinhos), a que voltaremos durante o Verão para a segunda chamada.
À Lupa
Vinhos: * * *
Digestivos: * * *
Acesso: * * *
Decoração: * * *
Serviço: * * *
Acolhimento: * * *
Mesa: * *
Ruído da sala: * * *
Ar condicionado: * * * *
Garrafeira
Vinhos tintos: 50
Vinhos brancos: 28
Aguardentes & Conhaques: 12
Portos & Madeiras: 12
Uísques: 18
Outros dados
Charutos: não
Estacionamento: fácil (parque nas traseiras)
Levar crianças: sim
Área de não fumadores: não
Reserva: aconselhável
Preço médio: 25 euros
MASSIMO
Parque de Sinçães (Casa das Artes)
4760-022 Vila Nova de Famalicão
Tel: 252 371 800
Encerra aos domingos à noite e às segundas-feiras
in Revista Notícias Sábado – 26 Maio 2007
Ventos de revolução nas cozinhas das nossas províncias chegam aqui e ali, espalham-se a bom ritmo. O meu bom Minho gastronómico aceita também essas propostas de bom grado, porque ele também é pimpão e atrevido – não apenas na continuação da chamada Área Metropolitana do Porto, mas também entre silvados, pinhais, vinhas de enforcado, fragas esverdeadas e profundas em cujas sombras podemos descansar e oferecer-nos uma sesta depois de um almoço em restaurantes para cuja enumeração a memória vai falhando mas o apetite nunca falta em chegando a hora.
Famalicão ganhou já independência gastronómica há muito tempo. Há restaurantes onde se suspeita que Camilo Castelo Branco se atreveria a repousar e a comer, vetustas salas de jantar onde a oferta de rojões já foi ultrapassada pela descoberta de que o século passado findou há muito, e experiências a reservar no nosso paladar. Nem todas são boas, essas experiências – não vá o diabo tentar-nos –, mas a expectativa mantém-se para os próximos tempos de peregrinação gastronómica.
Pois, junto da Casa das Artes de Famalicão fica o Massimo, um restaurante cuja esplanada se recomenda a partir de agora com os primeiros calores que anunciam o Verão. Arejado, aberto para o relvado em frente, iluminado pela luz do Sol durante o dia e com adequadas penumbras à noite, de madeiras escuras no chão, o Massimo designa-se a si mesmo como "restaurante lounge". Assim seja. Um ar de modernidade na Famalicão que já foi de Camilo.
Para começar, bom gosto nas loiças e no 'couvert', com um azeite razoável e vinagre balsâmico, e pão estaladiço (no Minho, meu deus, faltava a broazinha). Seja como for, de uma lista de entradas em que se distinguem um 'camembert' panado com compota de abóbora, míscaros grelhados, ovos de cordoniz estrelados sobre cogumelos grelhados, 'revuelto' de espargos trigueiros e gambas (ou seja, ovos mexidos com espargos), salmão fumado com queijo fresco, vieiras gratinadas na concha, camarões tigre fritos em ' Alvarinho, presunto Pata Negra com 'foie gras', 'foie gras' laçado com puré de maçã, 'carpaccio' de lombo - escolhemos a primeira proposta, que passou no exame, e fiquei com apetites da sugestão basca dos cogumelos com ovinhos.
Passemos sobre as saladas (agridoce, com laminado de carne, de marisco ou mista de legumes grelhados) e anotemos apenas as massas: 'ravioli' com espinafres e queijo 'ricotta', 'tagliatelle' de gambas com creme fresco aveludado, 'spaghetti' de lavagante e caviar de ouriço-do-mar, 'penne' com salmão, lasanha de bife. Daqui, passemos aos peixes: pescada em massa 'brick' com molho de lavagante, tranche de cherne com espargos verdes salteados em manteiga, espetadinhas de polvo à lagareiro, lombo de bacalhau no forno com maionese de azeite quente, bacalhau com crosta de broa em cama de grelos, arroz de tamboril e mariscos, arroz de lavagante. E às carnes: bife cardeal, bife três pimentas, bife de massa folhada com 'foie gras' e batata gratinada, mil-folhas de rosbife, naco especial de 'foie gras' fresco, veado estufado com pimentos, secretos de porco preto grelhados, perna de pato confitada ou folhado de perdiz com arroz selvagem. O bife com três pimentas pareceu suculento e apetitoso, no ponto; o bife em massa folhada estava seco e não se percebeu a introdução de uma fatia de presunto fumado sob a massa, mas as batatinhas gratinadas eram excelentes. Tentaremos depois. Havia também, como prato do dia, além de um peixe grelhado, pataniscas com um arroz de feijão, que me pareceu muito apetitoso e cremoso.
Nas sobremesas, a prova de um bolo de chocolate com 'coulis' de frutos silvestres pareceu boa e o 'demi-cuit' com gelado de tangerina (um 'petit-gateau' formoso) convenceu perfeitamente. Havia ainda delícia de queijo com noz, leite-creme em massa 'brick' com 'coulis' de morango, mousse de chocolate 'praliné' com menta, quindim, suspiros com creme de ananás e morangos e a fruta laminada (que era reduzida em termos de variedade).
É um bom começo para o Massimo (com boa carta de vinhos), a que voltaremos durante o Verão para a segunda chamada.
À Lupa
Vinhos: * * *
Digestivos: * * *
Acesso: * * *
Decoração: * * *
Serviço: * * *
Acolhimento: * * *
Mesa: * *
Ruído da sala: * * *
Ar condicionado: * * * *
Garrafeira
Vinhos tintos: 50
Vinhos brancos: 28
Aguardentes & Conhaques: 12
Portos & Madeiras: 12
Uísques: 18
Outros dados
Charutos: não
Estacionamento: fácil (parque nas traseiras)
Levar crianças: sim
Área de não fumadores: não
Reserva: aconselhável
Preço médio: 25 euros
MASSIMO
Parque de Sinçães (Casa das Artes)
4760-022 Vila Nova de Famalicão
Tel: 252 371 800
Encerra aos domingos à noite e às segundas-feiras
in Revista Notícias Sábado – 26 Maio 2007
Etiquetas: Restaurantes
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