Mais defeso
Um dos momentos mais apetecíveis da época desportiva anual é o chamado “defeso”. Enquanto que noutros países esta temporada é aproveitada para retemperar as energias, jogar à bola na praia e preparar o próximo ano futebolístico, em Portugal usa-se esse tempo para eleger o campeão do próximo ano e para o sobrecarregar de jogadores inacessíveis em cuja contratação ninguém acredita salvo os instigadores de tamanhos negócios. Tem sido assim desde que o futebol se transformou numa jogatina de bastidores e, em simultâneo, de primeiras páginas.
Enquanto isso, o FC Porto sagra-se, também, campeão de basquetebol, juntando mais um troféu ao sétimo jogo dos play-offs da modalidade. É a isto que se chama “constância na liderança”.
Ao mesmo tempo, o presidente do Benfica, arrastado para os ecrãs da televisão por motivos extra-futebolísticos, transforma-se no protagonista de uma comédia de birras em que assume o papel pouco simpático de denuncista. Havendo rumores de que teriam existido algumas irregularidades em transferências de jogadores para o seu clube, o presidente encarnado decide atirar a toalha ao chão e exigir uma espécie de auditoria às transferências dos últimos dez anos no Benfica e... no FC Porto. Esta declaração é de supina importância. Nós sabemos o que ela significa: estão a tentar atingir-nos? Pois antes que isso aconteça, atinjamos “os outros”. Estão a tentar implicar-nos? Pois tentemos, antes, implicar “os outros”. É isto uma atitude aprovável e aceitável? Não. Mas prossegue objectivos naturais – continuar a espalhar rumores atrás de rumores e, de passagem, desvalorizar o papel absolutamente intocável do FC Porto no plano desportivo. De caminho, ainda, anunciar que não vai inaugurar tantas “casas do Benfica”, provavelmente porque é artificial espalhar a fé em tempos de descrença, ou seja, a euforia em tempos de derrota em toda a linha. Toda.
Mas que isso não faça esmorecer os seus planos. Há toda uma temporada de “defeso” para anunciar várias vezes a vitória na Taça Guadiana (ah, já não há?).
in A Bola - 3 Junho 2011
Enquanto isso, o FC Porto sagra-se, também, campeão de basquetebol, juntando mais um troféu ao sétimo jogo dos play-offs da modalidade. É a isto que se chama “constância na liderança”.
Ao mesmo tempo, o presidente do Benfica, arrastado para os ecrãs da televisão por motivos extra-futebolísticos, transforma-se no protagonista de uma comédia de birras em que assume o papel pouco simpático de denuncista. Havendo rumores de que teriam existido algumas irregularidades em transferências de jogadores para o seu clube, o presidente encarnado decide atirar a toalha ao chão e exigir uma espécie de auditoria às transferências dos últimos dez anos no Benfica e... no FC Porto. Esta declaração é de supina importância. Nós sabemos o que ela significa: estão a tentar atingir-nos? Pois antes que isso aconteça, atinjamos “os outros”. Estão a tentar implicar-nos? Pois tentemos, antes, implicar “os outros”. É isto uma atitude aprovável e aceitável? Não. Mas prossegue objectivos naturais – continuar a espalhar rumores atrás de rumores e, de passagem, desvalorizar o papel absolutamente intocável do FC Porto no plano desportivo. De caminho, ainda, anunciar que não vai inaugurar tantas “casas do Benfica”, provavelmente porque é artificial espalhar a fé em tempos de descrença, ou seja, a euforia em tempos de derrota em toda a linha. Toda.
Mas que isso não faça esmorecer os seus planos. Há toda uma temporada de “defeso” para anunciar várias vezes a vitória na Taça Guadiana (ah, já não há?).
in A Bola - 3 Junho 2011
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