Blog # 847
Inicia-se, em “termos civis”, a “temporada da Páscoa”. Tal como o Natal, a Páscoa perdeu relevância religiosa nas nossas sociedades. A morte de Cristo, no mundo católico, deixou de ser um símbolo para passar a ser uma referência que não convém ser demasiado cruel; da simbologia passou-se à mais prosaica obrigação das “férias de primavera” onde não há jejum nem temperança, mas procura da primeira praia apesar das previsões meteorológicas. O judaísmo mantém o ritual da Passagem (‘Pessah’) e da Libertação (dos escravos do Egito), provavelmente o que mais perdura, com o seu cerimonial discreto e heterodoxo. Mas, num mundo prosaico e sem mitos fundadores, a “sociedade civil” procura, sobretudo, os feriados e a antecipação do lazer. A crise apenas agudiza esta falta de sentido. *** Pequena relíquia: os contos do uruguaio de Montevideo, Felisberto Hernández (‘Contos Reunidos’), são um clarão primaveril, misto de prosa e poesia – mais um lançamento da série Ovelha Negra, da Oficina do Livro. Relíquia, sim. *** FRASES "Todos sabem quem é o ladrão, mas toda a gente tem medo." Augusto Santos, sobre os assaltos às campas no cemitério de Sta. Maria da Feira. Ontem, no CM. "Nesta fase as pessoas têm mais que fazer do que pensar em alternativas para vencer a crise." Teresa Ribeiro, no blogue Delito de Opinião.
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