Assunto arrumado
A vitória do FC Porto ontem à noite apenas confirma uma promessa de qualidade feita no início do campeonato. Não vale a pena responder à multiplicação de querelas, alimentadas para mascarar outros falhanços e para tentar justificar uma época que fica a meio; sempre defendi que a única resposta a essa máquina de produzir desculpas, artifícios, birras adolescentes de circunstância, pequenos ressentimentos – devia ser o silêncio. Fica provado, depois dos cómicos incidentes da Luz (apaga a luz, liga a água, desliga a água), que não discute com o FC Porto quem quer. Assunto arrumado.
O que, certamente, não é assunto arrumado é a forma como a Benfica TV se referiu ao presidente do FC Porto. Um cómico tem liberdades de estilo, bem como disponibilidade para ser grotesco, facilidade em passar com ligeireza do risível ao abjecto, do jocoso ao ofensivo. Não se lhe deve levar a mal. Um cómico tanto pode ser inteligente como inimputável. Tanto pode ser ridículo como guardar capacidade suficiente para saber ridicularizar com graça. O FC Porto reagiu à prédica como se o assunto fosse sério; ora, o assunto não é sério – é, à imagem dos cómicos que o protagonizaram, matéria para recolher aos varais da inimputabilidade. Sou contra a constituição de “delitos de opinião”, acho desprezível a falta de humor – simplesmente, a Benfica TV tem de escolher entre ser uma marca televisiva ligada ao futebol ou um albergue indesculpável. Tem de optar.
Para terminar, um assunto festivo: três equipas portuguesas estão este ano nas meias-finais da Liga Europa. O facto não é apenas assinalável; é, também, histórico e a merecer a nossa alegria no meio da vileza geral. Certamente que a final terá também, pelo menos, um clube português. Com este quadro, é exigível que se peça ao “futebol português” que se reorganize, que se repense, que se mostre mais educado e mais apresentável. É o mínimo que os clubes portugueses podem fazer pela sua desejável transformação numa modalidade verdadeira e para gente decente.
in A Bola - 16 Abril 2011
O que, certamente, não é assunto arrumado é a forma como a Benfica TV se referiu ao presidente do FC Porto. Um cómico tem liberdades de estilo, bem como disponibilidade para ser grotesco, facilidade em passar com ligeireza do risível ao abjecto, do jocoso ao ofensivo. Não se lhe deve levar a mal. Um cómico tanto pode ser inteligente como inimputável. Tanto pode ser ridículo como guardar capacidade suficiente para saber ridicularizar com graça. O FC Porto reagiu à prédica como se o assunto fosse sério; ora, o assunto não é sério – é, à imagem dos cómicos que o protagonizaram, matéria para recolher aos varais da inimputabilidade. Sou contra a constituição de “delitos de opinião”, acho desprezível a falta de humor – simplesmente, a Benfica TV tem de escolher entre ser uma marca televisiva ligada ao futebol ou um albergue indesculpável. Tem de optar.
Para terminar, um assunto festivo: três equipas portuguesas estão este ano nas meias-finais da Liga Europa. O facto não é apenas assinalável; é, também, histórico e a merecer a nossa alegria no meio da vileza geral. Certamente que a final terá também, pelo menos, um clube português. Com este quadro, é exigível que se peça ao “futebol português” que se reorganize, que se repense, que se mostre mais educado e mais apresentável. É o mínimo que os clubes portugueses podem fazer pela sua desejável transformação numa modalidade verdadeira e para gente decente.
in A Bola - 16 Abril 2011
Etiquetas: A Bola
<< Home