dezembro 10, 2010

Blog # 755

O governo decidiu ontem que, em Portugal, a aplicação do acordo ortográfico nas escolas começará no próximo ano letivo – e a administração pública tê-lo-á a partir de janeiro de 2012. É uma corrida contra o tempo e o Brasil está à frente. Portugal esperou que Angola e Moçambique assinassem o protocolo mas não percebeu que, mal o acordo entrasse em vigor no Brasil, nada havia a fazer e que daqui a uns anos haverá apenas uma versão de ‘português’ na internet. Cada um escreverá literatura como quiser, e não haverá coimas, perseguições e castigos públicos; mas a existência de uma norma ortográfica não faz mal a ninguém. A língua é uma máquina flutuante e o Português não nos pertence por inteiro. Na verdade, não são as musas que choram; são as consoantes mudas, sobretudo.

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Paremos. De vez em quando faz bem. O que tem a vida política a oferecer-nos mais? Folheie-se e leia-se ‘Estética e Política. A Partilha do Sensível’, de Jacques Rancière (edição da Dafne). Ofereça ao seu deputado.

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FRASES

"Primeiro partiram a orelha ao burro, no segundo ano roubaram o burro, agora foi a vez da Virgem." Sofia Guedes, de ‘O Presépio na Cidade’. Ontem, no CM

"O Photoshop é o mais antigo recurso de campanha eleitoral. Cavaco parece mesmo humano." Luís M. Jorge, no blogue Delito de Opinião.

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