dezembro 04, 2010

Hat trick

Ontem à noite lembrei-me, e não fui o único, do mítico jogo de Tóquio contra o Peñarol que deu ao FC Porto o seu primeiro título mundial. Também me lembrei daquele outro jogo de Viena, em 1987, quando o FC Porto se sagrou campeão europeu diante do Bayern de Munique. Ontem, sob o frio vienense e num relvado escondido pela neve, o FC Porto voltou a brilhar e a mostrar a qualidade europeia dos grandes anos, feita de persistência, concentração, capacidade de resistir e qualidade de jogo, sejam quais forem as condições meteorológicas. O hat trick de Radamel Falcao vale como uma espécie de símbolo – isso e a alegria genuína de André Villas-Boas, perfeitamente justificada como o único treinador que até agora, em toda a Europa, ainda não viu a sua equipa derrotada durante esta época. Com um Hulk criativo e dominador, um João Moutinho finalmente feliz (tão diferente do ano passado) e comandante do meio campo, um Belluschi transformado em acelerador, um Fucile resistente e lutador, uma defesa capaz de funcionar em bloco, até com as presenças confiantes de Guarín e de Ukra (em ambos casos, boas notícias), o hat trick de Falcao é o refrão deste hino ao futebol.

É preciso reconhecer, além do mais, que o jogo de ontem se realizou depois de um empate em Alvalade, diante de um Sporting que jogou mais e onde o golo de Falcao (apesar de não ter sido obtido em posição de fora-de-jogo, é sempre bom insistir) não bastou para fazer esquecer a apatia passageira de parte da equipa nem a relativa displicência da sua zona defensiva. Um empate em Alvalade, no entanto, não é um resultado negativo. É apenas uma parte do hat trick.


P.S. – Ontem, em Zurique, a organização do Mundial de 2018 foi cometida à Rússia. Não é uma má notícia para Portugal. De cada vez que um evento de grandes dimensões promete milhões e milhões de lucros, ficamos à espera deles em vão. Esses milhões devem estar escondidos em algum lado. Juízo é o que se recomenda.

in A Bola - 4 Dezembro 2010

Etiquetas: