Um pouco de caos
O que é o caos? Em ciência, astronomia, ciência em geral — é de onde tudo nasce. A formulação é exacta mas não costuma aplicar-se ao futebol. André Villas-Boas acaba de fazê-lo anteontem, dizendo que não quer perder «o lado caótico do jogo», precisamente porque «o jogo é caótico por natureza, nem sempre está no papel». Esta clareza é positiva porque liberta o jogo da ditadura arquitectónica com que muitos treinadores gostam de armar as suas equipas.
Há, no entanto, um problema: esse «aproveitamento do caos» necessita de bons intérpretes – aliás, não apenas de bons mas, também, de excelentes intérpretes, jogadores capazes de criar oportunidades, de ler a pauta e de improvisar sobre ela, de conhecer a diferença entre executar um plano e interpretá-lo com talento. Belluschi começa a fazê-lo, tal como Álvaro Pereira, Varela e, naturalmente, Falcao, que vai tornar-se, creio, no jogador mais valioso deste campeonato. Tudo isto está certo desde que, cá atrás, a muralha não ceda (se se recordam, foi esse o pecado capital de Co Adriaanse) – é aí, de Moutinho até Helton, pelo miolo, que a geometria deve ser mais calculada.
2. Dois temas gerais desta semana. O primeiro, inevitavelmente – a vitória fantástica do Sporting de Braga em Sevilha, mostrando como se ergue uma equipa. O segundo – o chamado «caso Roberto», cujo protagonista é o guarda-redes do Benfica, crucificado pelos adeptos do clube, pela imprensa e pela voz da rua em geral. Roberto falhou, é certo, mas é injusto atribuir-lhe todas as culpas. Dá jeito ao Benfica – mas não é correcto. Transformar Roberto no único mau da fita serve para fazer esquecer que o Benfica não marcou, que não atacou com eficácia e que teve uma defesa a permitir o fuzilamento de Roberto. É preciso, em relação a Roberto, um pouco de sensatez e de honestidade.
3. O FC Porto está na Liga Europa com o resultado que se sabe; o Sporting recuperou com brilho de uma derrota desastrada. Juntamente com o Braga são boas notícias para o futebol.
in A bola - 28 Agosto 2010
Há, no entanto, um problema: esse «aproveitamento do caos» necessita de bons intérpretes – aliás, não apenas de bons mas, também, de excelentes intérpretes, jogadores capazes de criar oportunidades, de ler a pauta e de improvisar sobre ela, de conhecer a diferença entre executar um plano e interpretá-lo com talento. Belluschi começa a fazê-lo, tal como Álvaro Pereira, Varela e, naturalmente, Falcao, que vai tornar-se, creio, no jogador mais valioso deste campeonato. Tudo isto está certo desde que, cá atrás, a muralha não ceda (se se recordam, foi esse o pecado capital de Co Adriaanse) – é aí, de Moutinho até Helton, pelo miolo, que a geometria deve ser mais calculada.
2. Dois temas gerais desta semana. O primeiro, inevitavelmente – a vitória fantástica do Sporting de Braga em Sevilha, mostrando como se ergue uma equipa. O segundo – o chamado «caso Roberto», cujo protagonista é o guarda-redes do Benfica, crucificado pelos adeptos do clube, pela imprensa e pela voz da rua em geral. Roberto falhou, é certo, mas é injusto atribuir-lhe todas as culpas. Dá jeito ao Benfica – mas não é correcto. Transformar Roberto no único mau da fita serve para fazer esquecer que o Benfica não marcou, que não atacou com eficácia e que teve uma defesa a permitir o fuzilamento de Roberto. É preciso, em relação a Roberto, um pouco de sensatez e de honestidade.
3. O FC Porto está na Liga Europa com o resultado que se sabe; o Sporting recuperou com brilho de uma derrota desastrada. Juntamente com o Braga são boas notícias para o futebol.
in A bola - 28 Agosto 2010
Etiquetas: A Bola
<< Home