março 04, 2010

Blog # 557

Alice encontra-se hoje connosco no cinema – é um enorme risco, porque o livro de Lewis Carroll, ‘Alice no País das Maravilhas’, é um dos grandes enigmas da modernidade, erradamente apresentado como ‘literatura infantil’. Longe disso. A obra, que sobreviveu a todas as leituras, tanto serve para explicar cálculos matemáticos como dificuldades da filosofia; tanto ilustra a vontade de rebeldia, como mostra o ridículo da tirania. Imaginar uma Alice de Tim Burton é um problema, porque o melhor, em clássicos tão importantes, é apresentá-los tal como são, literalmente. É a única maneira de não os empobrecer. Veja-se Shakespeare: depois de cada ‘adaptação moderna’, é preciso voltar ao original, para reencontrar a sua grandeza. A grandeza de Alice é, precisamente, o inexplicável.

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Pequena e luminosa pérola: ‘Sobre o Flirt’, do psicanalista Adam Philips. O projeto de Philips é usar a psicanálise como poesia; o deste livro é mostrar como a nossa vida e a felicidade dependem de ter interesse pelos outros.

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FRASES

"De 1974 até hoje, o país democratizou-se, sem dúvida, mas plebeizou-se também bastante." António Figueira, no blogue Albergue Espanhol.

"É um milagre que ainda me convidem depois de alguns filmes que eu fiz." Johnny Depp, ontem, no CM.

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