fevereiro 03, 2010

Entrevista de João Pereira Coutinho

Ilustração de Luís Silva

Se a memória não me atraiçoa, és o primeiro escritor português a vencer o prémio de Romance da APE com uma obra assumidamente policial ("Longe de Manaus"). Achas que a "intelligentsia" literata ainda olha para o género com desprezo?

Acho que tem inveja. Passámos de um estado em que a chamada "literatura policial" era desprezada e negligenciada para um em que é invejada, copiada, imitada. Mas o problema é que é mais difícil copiar e imitar a literatura policial do que qualquer outro género. Em Portugal vive-se de exageros, como se sabe... O "Balada da Praia dos Cães", de Cardoso Pires, era um romance policial e ganhou o prémio em 1983. Mas houve um esforço enorme para dizer que não era policial, que era uma análise da oposição ao regime, por aí fora. Lembro-me de o José Cardoso Pires se desinteressar do assunto. Ele sabia que não havia volta a dar-lhe. Foi o primeiro escritor português a dizer que toda a literatura era policial...

Regressas ao género (e ao teu personagem fétiche, Jaime Ramos) com "O Mar em Casablanca" (Porto Editora). Mas tenho notado - e corrige-me se estiver errado - que os teus livros, sobretudo a partir de "Longe de Manaus", têm menos de "policial" e mais de "existencial". Concordas?

Toda a literatura é policial, em alguma medida, coisa que essa "intelligentsia" ainda não percebeu. Porque o policial nunca deixou de escolher como temas aquilo que é essencial nos problemas literários - a morte, a culpa, o desaparecimento, o enigma, o mistério, a procura... O José Cardoso Pires preferia destacar os métodos do policial, de que ele se serve abundantemente em "O Delfim", um dos grandes romances da nossa literatura do século XX. Mas eu alargo essa influência até aos temas propriamente ditos. A questão é, aí, a do detective Jaime Ramos (tenho cá uma pontaria para nomes, fui logo escolher este...), que não segue o modelo do detective dos anos setenta - alcoólico, problemas com a droga, relativamente marginal dentro da própria polícia, solitário... O meu Jaime Ramos é um personagem banal, um pequeno-burguês do Porto, ligeiramente conservador (embora com um passado comunista), embora os seus problemas existenciais se resumam a saber envelhecer, a tentar dar alguma dignidade à vida, a coleccionar os discos de boleros mexicanos, a procurar boa comida... Não é um herói, digamos, substantivo. Há duas histórias, bom, três, em que ele se recusa a identificar o criminoso. Numa, por preguiça... Nas outras duas por solidariedade com o "estatuto existencial" dos personagens, uma striper que estudava filosofia, e uma balzaquiana do Porto, uma mulher... O problema é que, em "O Mar em Casablanca", o passado inteiro veio ter com ele - a militância no partido comunista, as relações com os serviços de informação, um caso amoroso... Isso só acontecia com os seus personagens, com os criminosos ou as vítimas, e desta vez isso aconteceu com ele. Ele, que se vê como um biógrafo dos que vêm à rede das suas investigações, transforma-se em personagem. Está à beira da depressão, à beira da morte... O país dá cabo dele. O Jaime Ramos é uma espécie de sismógrafo pequeno-burguês desta coisa toda... Do país. Sem nunca falar dele. Sem fazer filosofia, sem fazer da literatura uma coisa programática, que é o mais aborrecido da literatura portuguesa, quando o escritor se põe a dar lições de política ao leitor, ensinando-o a votar à esquerda, a ser responsável, a fazer sexo seguro, a não maltratar os animais, uma merda. Por isso é que eu digo que não me interessa nada a sociologia dos crimes, os motivos sociais... Jaime Ramos limita-se a reconstituir crimes e eu limito-me a escrever histórias sobre o meu país, quer dizer, que se passam no meu país. E a viajar... a viajar muito. Sabes porquê?

Não faço ideia...

Porque os portugueses só são bons quando vão para fora. Só são felizes quando vão para fora, quando deixam o país. No "Longe de Manaus" o Jaime Ramos descobre essa multidão de portugueses que deserta e não quer regressar. A única grande utopia portuguesa é partir, sair, procurar a felicidade lá fora. Há uma maldição na terra deles e têm de livrar-se dela.

O que existe de biográfico nos teus livros? Ou seja: és um escritor essencialmente de imaginação ou de rememoração?

Há duas ou três passagens autobiográficas. Não podia livrar-me disso. Mas não se dá por elas, são passagens. Escrevo sobre os outros, sobretudo. Bom, de cada vez que preciso de falar de mim, de ir ao analista, escrevo. Mas não sobre mim. Conto uma história. Não vale a pena ir lá, aos livros, e procurar saber com quem dormi ou como é que me visto. Do que eu gosto realmente é dos personagens... De desenhar os personagens. Um escritor tem de gostar dos personagens, mesmo dos maus, daqueles que fazem os piores papeis. O mais difícil, aliás, é desenhar um "mau", um filho da puta. Sobretudo quando tem de ser um filho da puta com muito talento.

Mas o que usas da tua vida para compor o quadro?

Nunca escrevi sobre lugares que não conhecia. Desde o Brasil à Indonésia, da Guiné à Venezuela e à Argentina ou ao México, Cuba, Moçambique, Galiza, etc., que são lugares dos meus livros, estive lá. Vi, tomei notas, fotografei, escolhi os lugares, as ruas... É uma coisa que ficou do trabalho de jornalista, mesmo se escrever romance não tem nada a ver com jornalismo. O resto, uso como toda a gente. Tenho caixas com mapas, fotos, recortes, ementas de restaurantes, muitos dicionários, tudo isso.

Sempre acreditei na ideia de que um escritor é, primeiro que tudo, um leitor. Como leitor, quais foram os autores (e as obras) que te fizeram (ou desfizeram) a cabeça?

Lawrence Sterne. "Tristram Shandy" é essencial, porque é a destruição da literatura, a capacidade de não ter medo, o modo de destruir todo e qualquer politicamente correcto. É um livro fundador da literatura europeia. Se fosse mais lido, evitavam-se "coisas moderninhas" como tem havido nos últimos cem anos. Mas nos últimos cem anos a ignorância foi triunfando, a pouco e pouco. Na literatura, na política, no dia-a-dia... Só assim se explica que tenhamos chegado a este ponto da vida europeia, com uns trastes, uns biltres a ocupar os governos. Gente sem elegância, sem inteligência... Voltando ao tema, Sterne foi o grande autor, tal como Cervantes, o "Quixote", que foi o mais revolucionário. Depois, o seu inverso, Samuel Johnson, o grande conservador, o padrão dos padrões. Johnson foi o homem que inventou o sistema literário europeu, o seu esquema de valores e de sensibilidades. Depois, Borges, claro. Gosto muito de alguns brasileiros da minha língua - Rubem Fonseca, claro. Érico Veríssimo. Dos actuais, Tabajara Ruas. Gosto de alguns latino-americanos, Vargas Llosa, Bolaño, Rulfo, Saer, mas aborrece-me aquela coisa do "fantástico obrigatório", onde os generais enlouquecidos voam pelas florestas e vão às putas e há sempre um truque para lixar tudo. Mas, sabes, para ler, ler, ler mesmo... Bom. Há Shakespeare, sem snobeira, há Shakespeare, ninguém escreveu como ele. Eu gosto muito daqueles clássicos ingleses, Jane Austen, "Orgulho e Preconceito" é imortal, tal como "Monte dos Vendavais", da Brontë, nunca se conseguiu escrever sobre o amor como elas fizeram. E há Chesterton, o primeiro Le Carré (até ao "Alfaiate do Panamá"), Evelyn Waugh, Somerset Maugham, Graham Greene, Kingsley Amis... Mas estas listas nunca são definitivas, claro. Nem fechadas. Gostar destes não quer dizer que não goste de Camus, por exemplo, ou de Tolstoi, ou de Torrente Ballester.

E entre os portugueses?

Eu leio muito Camilo, porque me diverte muito. A "Brasileira de Prazins" é uma obra interminável, prodigiosa, tal como as "Novelas do Minho"... Quase tudo do Camilo, que foi muito prejudicado porque politicamente, enfim... estava à direita, digamos. Leio muito Eça, porque era um prodígio de estilo, de talento, de humor, de cinismo - e não há livrinho que me emocione como "A Cidade e as Serras". Mas Camilo é que era o grande retratista português, o grande historiador literário do século XIX, se tirarmos o "Portugal Contemporâneo", do Oliveira Martins. Dos do século XX, Agustina, José Cardoso Pires, o "Mau Tempo no Canal", de Nemésio, algum Vergílio Ferreira. Agualusa, gosto muito, gosto muito do José Eduardo. Quando estou com angústias literárias, essas merdas de não saber por que é que estou a escrever ou dificuldades em arranjar material, telefono ao José Eduardo, que é um grande amigo e um autor da língua portuguesa actual. Mas boa parte dos melhores autores portugueses do século XX são cronistas e ensaístas: o Vasco Pulido Valente, Vítor Cunha Rego, Abel Barros Baptista, Eduardo Lourenço... Sem falar dos poetas, claro. Mas a família dos poetas é uma coisa delicada...

Não concordas que, na prosa portuguesa recente, há dois tiques particularmente irritantes - o desprezo pela narrativa e um certo bacanal barroco-linguístico?

Já foi tempo em que havia bacanal barroco-linguístico. Hoje escreve-se mal, mal mesmo, mal sem atenuantes. Escreve-se mal sem piedade e sem gramática. Tenho muitas saudades da gramática, de alguém que escreva com sujeito, predicado e complemento directo sem abdicar da criatividade... E a ideia de que tudo é "jovem", "divertido". E "pedagógico". Isso é que lixa qualquer um. Mas que mais me impressiona na ficção portuguesa de hoje é a falta de jeito para o diálogo... Falta absoluta de jeito. Tu lês um romance desses, daí, muito universitário e tal, e os personagens falam empertigadas como se estivessem num verso parnasiano. Ninguém fala tão mal como eles.

Falam mal e, como tu próprio disseste, "fode-se mal na literatura portuguesa". Tens uma explicação para a nossa disfunção literária?

Disse isso porque era verdade. Fode-se muito mal, mesmo. Com muitas metáforas, com metáforas de mau gosto, muita falta de jeito. Não há, digamos, uma queca como deve ser... O problema é a falta de jeito para lidar com a crueza das coisas. Não achamos poesia nas coisas do quotidiano... Sabes, eu acho que o melhor era não se escrever sobre sexo. Chegava-se ali e tal, voltava-se a página e deixavam-se os personagens a foder, entretanto. O Português de Portugal é pouco maleável, não tem aquela musicalidade malandra, doce e amarga, picante... A tradição portuguesa de escrever sobre sexo acaba por desembocar no grotesco, no grosseiro, ou no absolutamente irrelevante. Há autores que também querem explicar aos leitores onde fica o clítoris, como é que se faz a coisa. Isso ainda é pior. E a falta de jeito para construir cenários para um episódio desses, então...

Achas que os brasileiros "trepam" melhor?

Sem dúvida. Rubem Fonseca, por exemplo. É muito cru, mas absolutamente delicioso, poético e obsceno ao mesmo tempo. Vê a quantidade de mulheres com quem anda o Mandrake, em "A Grande Arte"... E ele arranja sempre qualquer coisa de sensual para escrever sobre cada uma delas - até, imagina, sobre "a veia subclávia", sobre o tornozelo, sobre Bebel, a mais gordinha de todas (e, portanto, a que fode melhor)... Mas o problema é que o sexo está banalizado, tudo tem de ter sexo. Com essa banalização desapareceu a ideia de pecado, de transgressão, e sexo sem pecado, sem interdito, sem perversidade, não vale, não dá ponta.

Por falar em Brasil: tens uma relação umbilical com o país. Como vês as nossas relações transatlânticas?

Simpáticas. São simpáticas. Mais nada. As relações políticas não me interessam muito hoje em dia, porque o Brasil está na adolescência das relações internacionais, sobretudo com Lula em Brasília. Acho que nós nunca percebemos realmente o Brasil. Ou achamos os brasileiros uns palermas pegados (às vezes são), ou achamos que o Brasil é um paraíso onde tudo é bom, tudo é perfeito, etc. Na verdade, a vida é mais fácil no Brasil, há aquela leveza, aquela naturalidade com que as coisas são belas... Mas anda por aí uma onda de brasileirofilia que me assusta, porque parece que tudo é bom lá, desde o Lula até ao cantor nordestino mais piroso e manhoso... E não é verdade. A política brasileira é uma coisa de terceira ordem, aqueles complexos pós-coloniais dão enjoo, a falta de qualidade nas relações sociais é terrível, o policiamento ideológico é assustador. Mas eu viveria no Brasil de novo, sim (nunca no Nordeste, evidentemente)... Olha, a "Playboy" brasileira fez mais pela minha formação intelectual do que o Proust. E o Paulo Francis, o Nelson Rodrigues, a leitura do "Estadão" e da "Folha"... O Brasil ainda é o meu país de recurso, onde tenho grandes amigos. Mas sem a "utopia brasileira". Aquela coisa de o pessoal se babar de cada vez que o Caetano Veloso diz um disparate.

Algum escritor brasileiro já merecia o Nobel?

Só vejo o Rubem Fonseca, uma vez que o Erico Veríssimo já morreu. Acho que o Jorge Amado teria dado outro Nobel. Sinceramente. O problema é que o Nobel é escolhido em função do "interesse humanitário" de uma dada obra, por isso Rubem Fonseca nunca poderia ser... Mas Jorge Amado, sim.

Não é novidade para ninguém que o cronista António Sousa Homem é o teu heterónimo. Mas eu vou mais longe: para além de heterónimo, aquele conservador do Minho, respeitador burguês da ordem e da moderação, não é a faceta mais verdadeira de Francisco José "lui même"?

Acho que inventei o Sousa Homem para poder dizer o que penso realmente. O que eu penso de verdade. Isto pode parecer um bocadinho absurdo, mas o António Sousa Homem é quem eu gostaria de ser. Assim mesmo: com aquelas opiniões, aquela visão do mundo, aquela serenidade, aquele sentido da melancolia e da banalidade... Quando escrevo as crónicas dele, não sou eu realmente: é ele. É um heterónimo verdadeiro. É o meu heterónimo verdadeiro.

Então vamos ao ortónimo. Politicamente, como te defines? E sem merdas.

Sem merdas não consigo. O único partido em que fui militante foi o PS, justamente quando a AD ganhou. Tinha medo da vitória da AD a toda a largura do país. Hoje, acho que foi uma reacção um nadinha... trotsquista. E, depois, apoiei Cavaco, porque acho que Cavaco foi fundamental para retirar o peso da hereditariedade de esquerda à Presidência. Estas foram as minhas posições políticas mais ou menos públicas. Por princípio, um escritor, etc., é logo um tipo de esquerda, não é? Mas eu estou um bocado farto de ver sacanas de esquerda, medíocres de esquerda, hipócritas de esquerda. Sou uma espécie de liberal, sim. À moda antiga, como eu costumo dizer. Acredito que há um papel social do Estado em duas ou três áreas essenciais, além da segurança e da justiça. Mas a ocupação do Estado pelas clientelas políticas é um dos nossos males, esta dependência que gera medo de falar, medo de fazer, medo de criar...

Costumas dizer que vivemos num país sem liberais. Por que será?

Porque é assim. É um país liberal sem liberais. Lê-se o "Portugal Contemporâneo" e compreende-se logo: a "liberdade" de D. Pedro foi imposta de fora, à força, com um punhado de mercenários recrutados entre o que havia de pior nas tabernas de Londres e com o dinheiro dos agiotas menos recomendáveis... Temas como os direitos civis, a defesa da privacidade, a recusa da inversão do ónus da prova, a liberdade de imprensa, etc., são matérias pouco interessantes para os portugueses. Uma das coisas mais absurdas é quando alguém diz que "quem não deve não teme", como se todos devêssemos, de facto, favores ao Estado. A facilidade com que o cartão único passou, com que os chips das matrículas de automóveis vai passar, tudo isso é assustador. Depois, o chamado, até me dá vontade de rir, "o tecido empresarial" com empresários que não sabem viver sem apoio do Estado e sem negócios com o Estado. E o Estado aproveita e enriquece os fornecedores de obras públicas, não é? Esta rede de cumplicidade entre o Estado e as grandes empresas deixa os cidadãos indefesos, à mercê dos abusos políticos, da corrupção, dos favores, do desleixo... E depois o medo. O medo do trabalho, o medo do risco, o medo do debate, o medo da opinião contrária... Em Portugal os ditadores têm vida fácil.

Como vês a primeira parte do consulado Sócrates?

Sócrates fez um grande serviço à direita, na primeira parte do primeiro mandato, com aquelas reformas esboçadas logo de início. À direita em geral, não aos partidos de direita, que foram queimados no terreno. Se Sócrates fez aquilo que o PSD e o CDS queriam fazer e nunca fizeram, eles ficaram sem programa e sem argumentos... O problema, o grande problema de Sócrates foi a tentação de aumentar o poder a todo o custo, com a rede partidária a servi-lo e a servir-se dos recursos do Estado. Tudo valeu. Teria sido diferente se Sócrates se tivesse livrado daquela tralha papista que o venerou até à abjecção. Mas não. E, depois, Sócrates tem aquela visão geracional do país, um país que é preciso modernizar, transformar, etc., de onde é preciso afastar a má imagem, o provincianismo, o ruralismo... Quem é que vai fazer isso? Nós, os iluminados, os que estão do lado certo da história, com o dinheiro do Estado, o poder do Estado. Ele quis ser um iluminado. Por isso, o segundo mandato é um castigo para Sócrates, que terá de aprender a negociar, a gerir o monstro da "esquerda moderna" (uma mistificação) que ele criou, e que só sobrevive com mais impostos, sem crítica, com poder absoluto. Além de ter de gerir uma economia despedaçada. E eu tenho dúvidas sérias sobre se ele é capaz. Ele e a rede que construiu.

Tens sido um crítico desta direcção do PSD. Pedro Passos Coelho é a solução?

Pode ser uma solução. A outra solução era dar um segundo fôlego a Marcelo Rebelo de Sousa, mas acho que Marcelo só avança em caso de insanidade irremediável, porque aqueles apoiantes são todos falsos apoiantes, que estão de facas afiadas. O Passos Coelho tem uma vantagem: trabalha, sabe quanto vale um salário, não é funcionário do partido, não quer discutir minudências, faz política fora das horas de trabalho, não tem um lugar no parlamento... Falei com ele algumas vezes e pareceu-me bem intencionado, inteligente, ponderado, enérgico, liberal. Até era bom que fosse um pouco menos ponderado, que fosse mais agressivo no debate político, mas penso que está a guardar-se para o combate com José Sócrates. Eu gosto muito da Dra. Manuela, que é uma pessoa boa e com sentido de humor, uma mulher à antiga... Acho que foi uma injustiça terrível pô-la na campanha eleitoral, para o que ela não tinha jeito nenhum. E a ela sim, tentaram um assassínio político. Vejo o primeiro-ministro queixar-se de ser alvo de um assassinato político, de um ataque ao carácter... Mas isso foi o que eles fizeram à Dra. Manuela. Gozaram com os cartazes, chamaram-lhe dona de agência funerária, meteram-se com a roupa que usava, com os tiques de linguagem, com a idade, com o penteado. Deixaram-na sozinha, à mercê da tropa de choque socialista, muito à espreita de cargos políticos mas na reserva, como acontece no PSD ultimamente. Espero que o Passos Coelho assuste aquela gente.

Entrevista de João Pereira Coutinho, in GQ – Janeiro 2010

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