janeiro 07, 2008

Blog # 1

Luiz Pacheco, que morreu no sábado, não gostaria que o chorassem como “o desgraçado do Luiz Pacheco”. Ele foi assim porque quis e porque pôde. Tinha da vida essa ideia e é tão ridículo levar-lho a mal como amaldiçoar os que seguiram outro caminho. Fora isso, foi autor, editor e leitor meticuloso (cruel, generoso, previdente), ficará como um registo único da literatura do século XX. Para a maioria, não é bem por esses motivos que ele fica na memória – mas pelo seu destino e pela personagem corrosiva de que interpretou todos os episódios excessivos, como um herói da rua. Uma parte dos seus admiradores apreciava-o como o jogral do diabo. Não se gosta de ser Luiz Pacheco.

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Um estudo na Maria Regina Rocha sobre a qualidade dos manuais escolares mostra resultados fatais para o ensino do Português. Não se trata apenas de “má qualidade”, mas de uma assombrosa soma de erros, inanidades e disparates produzidos nos últimos anos. Parte da responsabilidade é do Ministério da Educação, cujos pedagogos e ideólogos andaram à solta durante anos suficientes para produzir a catástrofe que se vê: não apenas os alunos não sabem ler como alguns autores de manuais deviam ser impedidos de escrever.

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Sarkozy portou-se como um cobardolas. Ceder às ameaças da al-Qaeda foi mais um passo para tornar o Mundo ainda mais perigoso. Cancelar o Lisboa-Dakar significa que, a partir de hoje, um bando de barbudos pode exigir-nos o passaporte onde quiser, dentro da nossa própria casa. Um dia destes os barbudos vão impor a sua lei nas nossas ruas, já que a impõem no deserto, como a impuseram em Atocha e em Cabul. Daqui em diante, também graças à França, o céu do Sahara tem arame farpado.

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FRASES

"Quando mato alguém fico um bocado deprimido.” Manuel Pedro Ramalho Dias, aliás Manuel ‘Alentejano’, ontem in Correio da Manhã

"Pior que um Estado intervencionista (...) é um Estado minimalista que joga sempre a seu favor.” Hidden Persuader, no blog Bicho-Carpinteiro

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