julho 17, 2010

Os trabalhos de Villas-Boas

Imaginando que no próximo domingo o FC Porto apresenta o seu plantel aos sócios e adeptos, André Villas-Boas tem muitas contas para fazer. Como aqui se disse, essas contas não têm a ver com os que ficam mas, sobretudo, com os que não ficam. Mesmo tendo em atenção o facto de que uma equipa vencedora não se constrói em dois meses (e que, dependendo dos resultados do primeiro terço do campeonato, o chamado “mercado de Inverno” poderá ser um recurso), há opções que convém ter em conta e que serão um sinal para ver – em pleno – que modelo de equipa e que modelo de jogo serão o do novo treinador. Terá problemas suficientes até se decidir o destino de Tomás Costa, Mariano González ou Farías (sem falar em Bruno Alves e Raul Meireles – por motivos completamente diferentes) e reduzir o balneário a 25 jogadores bons de bola, com bom passe, com azimutes afinados e níveis de confiança respeitáveis.

Não é fácil fazê-lo, sobretudo depois de um campeonato atípico e perturbado por muitos factores extra-desportivos. Por isso, os trabalhos de André Villas-Boas serão acrescidos. Além do plantel de jogadores, o novo líder tem de cuidar um plantel mais numeroso, o dos adeptos. Vai enfrentar uma imprensa geralmente festiva quando se trata de aplaudir os tons do adversário; vai ter de gerir – no campo e fora dele, com as mensagens necessárias e o tom certo – as sequelas de um longo e desgastante processo “jurídico” (que ficará vergonhosamente conhecido como “a justiça do Costa”, um processo dirigido exclusivamente contra o FC Porto) que, com a conivência de órgãos desportivos e políticos, teve como objectivo a destruição do plantel e a descredibilização do clube ao longo dos dois últimos anos. Que não se esperem facilidades do meio “desportivo”. Será vitória a vitória. Passo a passo e passe a passe. Semana a semana. Ou não será.

in A Bola - 17 Julho 2010

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