Argumentos
Há uma razão para irmos à Liga Europa e não à Champions: é que a Champions já ganhámos (bem como a Taça UEFA, a Taça dos Campeões, a Intercontinental, etc.); a Liga Europa, ainda não.
O argumento foi utilizado pelo Grémio de Porto Alegre quando caiu para a segunda divisão («a segundona»), para tentar resistir à chacota dos adeptos do Internacional, seus conterrâneos e inimigos eternos – o Grémio sagrou-se, de facto, campeão da «segundona» no ano seguinte com um golo de Anderson, que depois veio para o FC Porto.
Ora, a Liga Europa não é a «segundona» e o terceiro lugar não é uma catástrofe – é certo que ambas as coisas eram evitáveis (como se vê: a vantagem do Benfica não é assim tão considerável – e o jogo é no domingo) com um pouco mais de concentração e de energia. Nem Jesualdo nem qualquer outro treinador pode, a intervalos de menos de oito meses, fazer e refazer equipas a partir dos buracos que o mercado de transferências abre no plantel. Graças aos «buracos», a SAD do FC Porto embolsa; devido a eles, a equipa abre buracos no seu rendimento. Dizem-me que é uma lei da vida financeira dos clubes, mas a verdade é que se exige mais constância na lista de jogadores. As rotinas, os esquissos de arquitectura e os truques só se conseguem com alguma prática – quem executa tudo isso são jogadores e não há forma de dar a volta ao assunto.
Por duas vezes aconteceram situações semelhantes na história recente do FC Porto, correspondendo aos chamados «fins de ciclo», um maneirismo usado para significar que a equipa está em construção. Ora, é isso mesmo: a equipa está em construção. Quem viu o jogo do último domingo percebeu a existência de um suplemento anímico que fez com que esquecêssemos que o FC Porto tinha sido reduzido a dez jogadores pelo pertinaz apito de Benquerença (o de impedir que o Benfica acenasse com o título no sagrado palco do Dragão); mas não só. Havia ali jogo. Pena que tivéssemos de esperar por esta altura para chegar à conclusão de que a vida é como é.
in A Bola - 8 Maio 2010
O argumento foi utilizado pelo Grémio de Porto Alegre quando caiu para a segunda divisão («a segundona»), para tentar resistir à chacota dos adeptos do Internacional, seus conterrâneos e inimigos eternos – o Grémio sagrou-se, de facto, campeão da «segundona» no ano seguinte com um golo de Anderson, que depois veio para o FC Porto.
Ora, a Liga Europa não é a «segundona» e o terceiro lugar não é uma catástrofe – é certo que ambas as coisas eram evitáveis (como se vê: a vantagem do Benfica não é assim tão considerável – e o jogo é no domingo) com um pouco mais de concentração e de energia. Nem Jesualdo nem qualquer outro treinador pode, a intervalos de menos de oito meses, fazer e refazer equipas a partir dos buracos que o mercado de transferências abre no plantel. Graças aos «buracos», a SAD do FC Porto embolsa; devido a eles, a equipa abre buracos no seu rendimento. Dizem-me que é uma lei da vida financeira dos clubes, mas a verdade é que se exige mais constância na lista de jogadores. As rotinas, os esquissos de arquitectura e os truques só se conseguem com alguma prática – quem executa tudo isso são jogadores e não há forma de dar a volta ao assunto.
Por duas vezes aconteceram situações semelhantes na história recente do FC Porto, correspondendo aos chamados «fins de ciclo», um maneirismo usado para significar que a equipa está em construção. Ora, é isso mesmo: a equipa está em construção. Quem viu o jogo do último domingo percebeu a existência de um suplemento anímico que fez com que esquecêssemos que o FC Porto tinha sido reduzido a dez jogadores pelo pertinaz apito de Benquerença (o de impedir que o Benfica acenasse com o título no sagrado palco do Dragão); mas não só. Havia ali jogo. Pena que tivéssemos de esperar por esta altura para chegar à conclusão de que a vida é como é.
in A Bola - 8 Maio 2010
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