março 28, 2008

Blog # 60

O presidente da República esteve quatro dias em Moçambique. Hoje, África já não nos comove nem nos espanta como nos anos setenta, o que é bom sinal. Para muitos é um território de negócios, para outros é um mapa de viagens em férias – mas a velha "África portuguesa", com os seus traumas, foi desaparecendo aos poucos, ao longo dos últimos trinta anos. Fica apenas o passado, que não se apagará. No último dia da visita, o Presidente foi à Ilha de Moçambique, que foi capital da colónia e um reduto emocional da nossa presença em África, onde coexistiram todas as religiões, os seus vivos e os seus mortos – e teve a coragem de invocar o seu próprio passado pessoal, para justificar a sua ligação ao país que hoje é Moçambique. Algumas pessoas esperavam outra coisa: que ele falasse da culpa e da guerra. Pode dizer-se que ele teve coragem de olhar em frente. Os moçambicanos gostaram mais deste discurso do que do arrependimento mariquinhas. Gostam de quem os olha de frente.

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O caso do telemóvel na escola do Porto deu pano para mangas. No fundo, trata-se de um problema de indisciplina que deve ser resolvido pela própria escola. Mas o ruído provocado foi bom: pode ser que, antes de saltar para cima dos professores e de ligar o telemóvel durante a aula, a rapaziada pense duas vezes. Ou só uma.

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Para lembrar o Maio de 68, a Antígona lança o livro de Anselm Jappe dedicado ao pai do Situacionismo, 'Guy Debord'. Oportunidade para recordar Debord, um dos rebeldes da nossa vida.

O novo livro de Maria Antonieta Preto (a de 'Chovem Cabelos na Fotografia') é 'A Ressurreição da Água' (Quid Novi) e será lançado no próximo dia 8 de Abril.

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FRASES

"Sócrates sabe mais a dormir do que Menezes acordado."Paulo Gorjão, no blogue Cachimbo de Magritte.

"Ele andava sempre a bater na miúda e eu devia era ter acabado com ele, ao menos isto não acontecia."Pai de jovem baleada pelo namorado, ontem no CM

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