Ganhar aos Vikings
Este fim-de-semana somos todos portugueses, a começar em mim, que sou céptico, e a acabar em Liedson, que tem o dever de ser entusiasta. Digo-lhes porque sou céptico – são razões marginais e gostava de me enganar. Primeiro: os rapazes estão confiantes para o jogo com a Dinamarca. Se é verdade, é grave. Podiam dizê-lo porque faz jeito, mas deviam estar caladinhos. Tanta confiança de sobra o que fizeram até agora foi «isto». E «isto», os leitores sabem, não foi famoso. Segundo: alguns acharam que o estágio sueco foi «aborrecido» e que aquele isolamento todo, aquela concentração toda até podia ser prejudicial. Não: o estágio sueco foi bom, devia ser usado sempre para evitar que aquele grupinho se desintegrasse em malabarismos extra-futebolísticos antes dos jogos. Fechados à chave, eu recomendo. Terceiro: pelas declarações que eu li, todos acham que o Mundial de 2010 não se realiza sem Portugal (lembrem-se de frases como «nem me passa pela cabeça Portugal não ir à África do Sul»). Lamento informá-los, mas o Mundial de 2010 realiza-se mesmo que Portugal não cumpra os mínimos e fique a ver os jogos no sofá. Portugal, por mais gracinhas que os jogadores façam, não faz falta pela excepcional beleza dos penteados seus jogadores ou pela quantidade de dislates que produzem. O que faz falta é futebol e o problema é que Portugal jogou mal, não fez golos, não respondeu à chamada – e pode perfeitamente não ir ao Mundial. Quarto: Queirós comparou a Dinamarca com o Liechtenstein. É grave. É ter-nos por fraquinhos de memória e de juízo. Só de lembrar os 45 minutos finais do jogo com o Liechtenstein deixo de ser céptico e passo a derrotado.
Estes quatro factores, mais do que a eterna dúvida sobre o ponta-de-lança da selecção (uma coisa que já vem do tempo de D. Afonso Henriques), são decisivos. São eles o maior perigo. Porque, além do campo, o futebol joga-se também na cabeça.
Portugal tem todas as condições para derrotar a Dinamarca. Tem jogadores de boa técnica; só lhes falta isso: cabeça, para que a vaidade e o estrelato não estraguem o jogo, e dioptrias, para saberem onde está a baliza.
in A Bola - 5 Setembro 2009
Estes quatro factores, mais do que a eterna dúvida sobre o ponta-de-lança da selecção (uma coisa que já vem do tempo de D. Afonso Henriques), são decisivos. São eles o maior perigo. Porque, além do campo, o futebol joga-se também na cabeça.
Portugal tem todas as condições para derrotar a Dinamarca. Tem jogadores de boa técnica; só lhes falta isso: cabeça, para que a vaidade e o estrelato não estraguem o jogo, e dioptrias, para saberem onde está a baliza.
in A Bola - 5 Setembro 2009
Etiquetas: A Bola
<< Home