fevereiro 14, 2008

Blog # 29

Três milhões e meio de portugueses conheceram-se na internet através do Hi5. Parece-me um manifesto exagero, mas é muito provável que seja verdade. Os portugueses gostam de si mesmos, mas à distância. Quando estão próximos uns dos outros tendem a considerar que a ficção é muito melhor do que a realidade. A estatística apenas me surpreendeu porque passei algum tempo a imaginar o que dirão, uns aos outros, esses três milhões e meio de portugueses; na maior parte dos casos não conhecem o cheiro uns dos outros nem o tom de voz (se é estridente ou amável), nem as mentiras que as pessoas dizem normalmente. Pela internet, no Hi5, conhecem uma fotografia, uma biografia melhorada e os erros ortográficos uns dos outros. Se pensarmos bem, é uma revolução porque corresponde a quase um terço da população. Antes do Hi5 estávamos sós, irremediavelmente sós, sem comunicação, ignorando-nos? Ou já nos conhecíamos mas preferimos a internet porque, ao perto, somos insuportáveis?

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Desconfiemos da trapalhada em que se meteu a máquina judicial a propósito de vários processos que andam malparados no Porto. O arquivamento do caso do vereador Bexiga pode vir a ser a ponta de icebergue. Afinal, por que razão as desculpas são esfarrapadas e a indignação credível? Ele apanhou mesmo. Não podemos saber porquê?

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- ‘Escritos de Frida Kahlo’, textos da pintora mexicana reunidos por Raquel Tibol (e publicados pela Quetzal), tenta provar que Frida também era uma escritora. Às vezes, sim – e devassa.

- Depois da estrela Marcelo Rebelo de Sousa, hoje começam as Correntes d’Escritas a sério, na Póvoa de Varzim. São dias de saudável maledicência. Vá lá.

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FRASES

- "Nas pessoas que servem de tela aos candidatos, Obama quase não tem pretos. Hillary exagera nos pretos." Rodrigo Moita de Deus no blogue 31 da Armada

- "Só os bares da marginal estão fechados mas penso que é por causa do mar, que está agitado." Marta Queiróz, portuguesa em Díli, ontem no CM

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