dezembro 31, 2010

Blog # 770

Começar de novo. Começar desde o princípio, começar como se não houvesse nada antes e houvesse tudo depois. A fantasia de um “ano totalmente novo” ameaça-nos todos os anos mas faz pouco por nós. Como será o ano de 2011? A ameaça da economia pode ser dilacerante, mas merecemo-la; é um ano de grandes escolhas, mas também na cultura, na política, na vida das pessoas reais. São dores de crescimento. As grandes mudanças que a Europa fez durante décadas, no pós-guerra, foram aceleradas em Portugal – sem treino nem recuo. A fatura é cruel mas pode ser decisiva, porque nos obrigará a confrontar as nossas possibilidades com os nossos desejos. Irá obrigar-nos a voltar para dentro, para uma vida mais modesta, onde o preço das ilusões terá de ser pago. É cruel? É. Mas é a vida.

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Esta é uma das minhas apostas para 2011: ‘O Assédio’, do espanhol Arturo Pérez-Reverte (edição da Asa, sai em abril). Pérez-Reverte é um magnânimo contador de histórias, um autor que navega entre os fantasmas da literatura.

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FRASES

"O Estado quer estatizar o ensino em Portugal." João Alvarenga, presidente da Associação do Ensino Particular e Cooperativo. Ontem, no CM.

"Gostar de mulheres que gostam de mulheres e que os homens gostem delas pode dar um desgosto." No blogue Ouriquense.

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dezembro 30, 2010

Blog # 769

Paul Bowles nasceu há cem anos em Nova Iorque – foi um dos últimos eremitas americanos a viver no deserto. Passou 52 anos da sua vida em Tânger (onde morreu, em 1999), o seu paraíso pessoal e o palco do seu isolamento, que visitou pela primeira vez nos anos 30. Conhecemos sobretudo ‘O Céu que nos Protege’ (‘Um Chá no Deserto’, versão do filme de Bertolucci) e o fotógrafo português Daniel Blaufuks foi uma das suas visitas (de que resultou belíssimo material, cheio de poesia e penumbras). Entre os livros publicados entre nós estão ‘Deixa a Chuva Cair’, ‘Muito Longe de Casa’, ‘Por Cima do Mundo’ ou uma antologia da sua poesia, traduzida por José Agostinho Baptista. Viajante, músico, escritor, mago solitário, Bowles recorda--nos que o mundo não é um limite aceitável.

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dezembro 29, 2010

Blog # 768

Parece que, “nesta quadra”, os portugueses gastaram tanto dinheiro como no ano passado. A récita desses números (os do consumo natalício) faz parte do retrato de uma família de novos-ricos que não sabem que são novos-pobres. O consumo estapafúrdio é um hábito incivilizado, pouco inteligente, alimentado pelo desejo de ostentação ou – então – pela fuga à penúria. Não é muito contraditório. O novo-riquismo imoderado revela as sombras de uma sociedade em crise, insatisfeita, perdulária e injusta, que desconhece coisas essenciais: contentar-se com pouco, poupar para viagens futuras, contemplar o crepúsculo ou o amanhecer, ler um livro, jantar em casa com amigos, colecionar plantas. Hábitos. Monotonias. Simplicidade. Talvez um dia os portugueses possam ser felizes de novo.

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Knut Hamsun (1859-1952) é um mago da Noruega, prémio Nobel, autor de ‘Pan’, ‘Mistérios’ ou ‘A Fome’. A Cavalo de Ferro, num gesto heroico e sublime, continua a publicá-lo. Em 2011 vai ser a vez de ‘Victoria’, a não perder.

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FRASES

"Uma deusa em reabilitação, em conflito com a lei, e perseguida por paparazzi." Charles Casillo, argumentista de um filme sobre a actriz Lindsay Lohan.

"Os verdadeiros e únicos amores são os impossíveis." João Gomes de Almeida, no blogue Estado Sentido.

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dezembro 28, 2010

Blog # 767

Hoje, poucos se recordam do nome de Serpa Pinto, tirando os que são mais atentos à toponímia – porque existem, aqui e ali, ruas com o seu nome. Mas o que fez Alexandre Serpa Pinto de tão notável para que o recordemos 110 anos depois da sua morte, assinalada hoje? Basicamente, atravessou África de costa a costa (foi o quarto explorador europeu a fazê-lo) e desenhou, no local, o célebre mapa cor-de-rosa. A celebração da sua travessia, solitária, angustiante, honrosa e cheia de perigos foi depois recompensada pela efígie do homem político que desempenhou cargos importantes no velho império da Monarquia. O que eu recordo sobretudo é a nobreza do viajante, o espírito do aventureiro-cientista e a sua paixão tanto por África, como por Portugal e pelo espírito da viagem.

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Está aí o ‘Livro Rosé de Sua Santidade o Camarada Vieira’, com recolha, seleção de textos, conspiração e edição de Pedro Proença. Tudo sobre Manuel João Vieira, “o candidato presidencial que é contra a miséria sexual”. Na Assírio.

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FRASES

"Não queria escrever um livro, mas vou ter de o fazer." Julian Assange, criador do site Wikileaks. Ontem, no CM.

"Portugal não convoca heróis para a Presidência. Convoca, sim, um afinador de pianos." Laura Ramos, no blogue Delito de Opinião.

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dezembro 27, 2010

Blog # 766

De acordo com o CM, este ano só dois livros ultrapassaram a barreira dos 50 mil exemplares vendidos (José Rodrigues dos Santos e António Feio); no ano passado, o pódio atingia-se depois dos 100 mil (casos de Dan Brown e Rodrigues dos Santos). As contas ainda não estão totalmente feitas, e não se sabe se, no total, se venderam mais ou menos livros do que em 2009 (embora um milagre seja pouco admissível). Depois de janeiro, a mais ativa e produtiva das ‘indústrias culturais’, a que mais riqueza e emprego gera no setor – a edição –, conhecerá os números verdadeiros da sua crise. É normal pensarmos que, em tempos difíceis, os bens culturais são mais dispensáveis. Daí que os critérios devam ser ainda mais exigentes. Sobreviver, ultrapassar 2011, esse sim, vai ser um milagre.

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A não perder as reportagens de Fernando Alves sobre alfarrabistas. Foram para o ar na TSF e, agora, podem ser escutadas no sítio da rádio na internet (www.tsf.sapo.pt). Deliciosas, mostram gente que se perde por um livro.

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FRASES

"Os que passam a vida a queixar-se que ‘só neste país’, deviam ser deportados para Madagáscar." Filipe Nunes Vicente, no blogue Mar Salgado.

"É bom ver filmes sem pipocas e barulho de Coca-cola." João Botelho, realizador. Ontem, no CM.

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dezembro 25, 2010

Os terceiros

Jorge Jesus não merecia ter-se referido ao FC Porto da forma deselegante como o fez ontem, repetindo banalidades e alarvidades: “O FC Porto tem sido a melhor equipa, porque está em primeiro lugar, mas com a ajuda de terceiros.” Também as suas declarações sobre André Villas-Boas não são, propriamente, um mimo de elegância e de cavalheirismo: “É um jovem treinador e está a começar pela positiva, mas isto não é como se começa, é como se acaba.” Num só dia, numa só tarde, Jorge Jesus destruiu um capital de inegável sensatez – não se sabe se para provar que pertence ao clube dos ressentidos, se para garantir um lugar que não lhe conhecíamos na galáxia dos perdedores, ou se, pura e simplesmente, estamos diante de uma banalíssima dor de cotovelo. Mas é a vida. Sem saber, o treinador do Benfica deu o argumento que faltava para que os próximos meses lhe sejam fatais. O desafio lançado a Villas-Boas (saber como o treinador do FC Porto enfrentará a pressão) não é muito diferente do desafio a que Jesus respondeu de forma periclitante; ou achará ele que “os terceiros” só não se aliam ao Benfica?

Pareceram as palavras de um derrotado, mais do que de um homem que, com inteira justiça, venceu o campeonato anterior. Ou seja, em vez de se assumir como o valente e inteligente treinador das “águias” do ano passado, pareceu mais o treinador da pobre águia Vitória.

Quanto à sua reacção às palavras de Pinto da Costa, um só comentário: Jorge Jesus saberá as linhas com que se cose, e conhecerá – certamente –as razões que o levaram a reagir desta forma. Ficámos cientes. Leiam nas entrelinhas.

Mas estas declarações de Jorge Jesus não existem vindas do nada. São, antes de mais, a reacção do desespero diante da evidência. A de que não basta um altíssimo investimento financeiro, além de imagem e marketing, para fabricar campeões com constância e equilíbrio. Se fosse apenas isso, Jesus valeria menos que nada. E, na verdade, é um bom treinador – um treinador com problemas com terceiros.

in A Bola - 25 Dezembro 2010

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dezembro 24, 2010

Blog # 765

Parece que a pirataria de bens culturais vai merecer, finalmente, atenção das autoridades; o ‘download’ pirata de filmes, de música e de livros, é uma ameaça fatal para um largo setor da economia. Certamente, é preciso que esses setores se adaptem aos novos tempos e acompanhem pelo menos uma parte da euforia digital. O mercado do livro vai ser o próximo a ser afetado. A Wikipedia, generosa nos erros e na sua banalização, queimou milhões de euros investidos por empresas sérias e prestigiadas em enciclopédias de grande qualidade. O triunfo do amadorismo e da banalidade vai ser uma das consequência desta cegueira digital. Proteger os bens culturais da delapidação e defender os direitos de autor é um dever da inteligência e da justiça. Nem percebo a hesitação do governo.

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A Fundação Gulbenkian acaba de publicar as ‘Memórias’ de Rómulo de Carvalho (António Gedeão como poeta): 550 páginas que contam a vida de uma das grandes figuras da cultura portuguesa do século XX. Ciência, poesia e humanidade.

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FRASES

"O problema é que nestas presidenciais o segundo lugar não dá acesso a mais nada." José Medeiros Ferreira, no blogue Córtex Frontal.

"Foi o 40º assalto deste ano. Só em dezembro já fui roubado por seis vezes." José C. Mota, proprietário de restaurante em Monte Gordo. Ontem no CM.

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dezembro 23, 2010

Blog # 764

O sítio Infopedia.pt está a organizar uma votação online, que termina por estes dias. A ideia é escolher as palavras do ano – a imaginação lusitana é um caminho estreito e, por isso, duas das palavras mais votadas são “vuvuzela” e “desemprego”. Ambas são óbvias, compreensíveis e apelam para mundos diferentes. As nossas palavras de 2010 serão muito diferentes das de 2009? Claramente. Eis algumas novidades: mercados, inverdade, ‘rating’, défice, fisco, FMI, receitas, custos, aumentos. Este foi o ano em que os portugueses redescobriram a importância da economia pelos piores motivos. Um deles é este: tinham-na esquecido antes – e ela não perdoa. “Ilusão” é uma boa palavra, mas não funciona em momentos de crise. “Realidade” também não é muito feliz, mas convém tê-la em mente.

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Um livro para apaixonados pela literatura: ‘Vidas Imaginárias’, de Marcel Schowb, reedição da Assírio & Alvim – biografias inventadas que situam a vida humana nos antípodas do bom-comportamento e dos feitios anódinos.

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FRASES

"A terra dos justos continua longe, mas é importante que o rumo apontado seja nessa direção." João Vaz, ontem, no CM.

"Nunca me perguntaram, felizmente, quais eram os problemas do país." Luís M. Jorge, no blogue Vida Breve.

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dezembro 22, 2010

Blog # 763

Reabilitemos a biografia. É uma grande arte que, durante muito tempo, atemorizava editores e provocava a repulsa dos académicos; ao contrário do que diziam estes últimos, a biografia aproxima-nos dos autores e é provável que esclareça melhor as suas obras, que não podem isolar-se do seu tempo e dos seus criadores. Ontem, a APE atribuiu o seu prémio de literatura biográfica ao livro ‘Eça de Queiroz – Uma Biografia’, de A. Campos Matos (Afrontamento). Eça continua a suscitar o interesse de leitores e historiadores; a sua figura não nos explica, porque o talento de Eça é corrosivo demais para ser um representante do nosso génio; mas identifica a sua grande capacidade criadora, a matriz de uma exceção no final do século XIX. Campos Matos vê reconhecida a paixão de uma vida.

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Saiu uma reedição da bela tradução portuguesa de ‘All the Pretty Horses’, ‘Belos Cavalos’, por Paulo Faria (Relógio d’Água). É o primeiro volume da chamada ‘trilogia da fronteira’, de Cormac MacCarthy. Livro para ler e reler.

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FRASES

"Estamos numa fase de fingimento e incapacidade." Ângelo Correia, ontem, no CM.

"[Pôncio Monteiro] era um fanático – e eu no futebol só respeito os fanáticos." Lourenço Cordeiro, sportinguista, no blogue Complexidade e Contradição.

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dezembro 21, 2010

Blog # 762

Os romances de Francis Scott Fitzgerald podiam ter sido escritos sobre o nosso tempo – ou melhor, para o nosso tempo. A decadência, as ilusões sobre o amor e a glória, a dor da perda ou o falhanço tremendo de uma geração são ideias que atravessam os seus livros e os melhores dos seus contos (como ‘O Curioso Caso de Benjamin Button’, recentemente adaptado ao cinema). Assinalando-se hoje setenta anos sobre a sua morte, recomendo ‘O Grande Gatsby’, um prodígio de arte e de invenção criadora. ‘Terna É a Noite’ ou ‘Este Lado do Paraíso’ são leituras que reconstituem a época; muito contemporâneas e instrutivas. Mesmo a sua biografia, com essas vastas zonas de tristeza, é uma antecipação dos tempos que correm. Poucos como ele deixaram um risco tão definitivo no nosso coração.

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A Cotovia acaba de lançar uma bela coleção que ficará na história, dedicada ao judaísmo, a Judaica. Títulos iniciais: Marx, Primo Levi, Moacyr Scliar, Bernardo Sorj (notável, notável). Uma grande coragem, a do editor André Jorge.

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FRASES

"Os putos respondem sempre a uma pergunta com outra: qual foi o primeiro rei de Portugal?" GAF, no blogue O Vermelho e o Negro.

"Despedir não é o problema económico de Portugal. A tragédia é o desemprego." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

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dezembro 20, 2010

Blog # 761

Os dados do Instituto do Património (IGESPAR) permitem concluir que o parque do Côa, onde foram descobertas as gravuras rupestres, registou cerca de 55 visitantes por dia ao longo dos últimos 15 anos. É muito? É pouco? Depende do ponto de vista. Para a região, que acreditou durante algum tempo que o parque arqueológico seria uma mais-valia, é muito pouco. Para os responsáveis do parque também não será muito; além do mais, o número de visitantes baixou bastante este ano (8 mil em relação à média). Agora, que a decisão de manter o parque é irreversível, não há muito a fazer senão divulgá-lo e apoiar investimentos turísticos capazes de cativar visitantes. É difícil. A vida local resiste ao deserto, como há 30 ou mais anos. A solidão do parque faz parte do seu destino.

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Em janeiro, a Dom Quixote lançará um documento de valor inestimável: os milhares de crónicas escritas por Vítor Cunha Rego. Seria uma pena que ficassem dispersas e quase esquecidas. Cunha Rego foi um dos nossos mestres-pensadores.

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FRASES

“A corrida ao ciberespaço foi como a corrida ao ouro. Demasiada areia para peneirar pepitas. José Medeiros Ferreira, no blogue Córtex Frontal.

"A Justiça está cada vez mais permeável às pretensões de grupo oriundas da política. Eduardo Dâmaso, ontem, no CM.

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dezembro 17, 2010

Blog # 760

Longe de Lisboa, não posso despedir-me de Carlos Pinto Coelho; no fim da semana passada conversámos sobre "as políticas da cultura" (num debate) e entretivemo-nos, depois, a discorrer sobre colesterol, livros e "como vai a informação cultural". A notícia da sua morte, por isso, foi um choque de que não recuperei; o coração falha-nos a todos, de frente ou à traição. Aos 66 anos, tinha a mesma energia de há anos, quando apresentava o ‘Acontece’, programa que o distinguiu e o representa na nossa memória. Com ou sem Carlos Pinto Coelho, o ‘Acontece’ é ainda a linha do horizonte na "informação cultural" – que ele marcou em definitivo. Era um sénior; o seu tom e rosto atravessaram uma geração, o que nos obriga a prezar a sua memória. Assim acontece.

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dezembro 16, 2010

Blog # 759

Parece que a revista ‘Time’ elegeu como Pessoa do Ano o criador do Facebook, Mark Zuckerberg. Provavelmente será uma das “pessoas da década”, porque os efeitos do Facebook se sentirão durante toda esta geração. Na internet todos os idiotas se encontram (antigamente tinham de fazer algum esforço) e, pior, todos dizem o que têm a dizer. O que encanta milhões de pessoas no Facebook é a capacidade de estabelecer uma rede de contatos entre gente que não tem nada a dizer — mas diz. E diz sobre tudo e todos. De certa maneira, escusamos de fazer perguntas às pessoas; elas abrem a sua casa, mostram a sua intimidade a cada minuto, exprimem a sua opinião sobre tudo o que acontece. Isto é tão perverso como perigoso: um utilizador do Facebook ou mente ou não tem vida própria.

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É um volume de quase seiscentas páginas — ‘A Poesia de Jorge de Sena’, a tese de Jorge Fazenda Lourenço (Guerra e Paz) é um guia indispensável para conhecer uma das figuras mais importantes e explosivas do século XX português.

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FRASES

"Ora, o sr. Assange, como se sabe, é um fura-vidas dos segredos." Filipe Nunes Vicente, no blogue Mar Salgado.

"Andei toda a vida a tentar percebê-la e a arte não se compreende." Nadir Afonso, ontem, no CM.

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dezembro 15, 2010

Blog # 758

A Universidade do Algarve homenageou Lídia Jorge, atribuindo-lhe o grau de doutor “honoris causa”. É bom que, em vez de conceder estas distinções a políticos que depois provocam calafrios, se escolham escritores, pensadores e pessoas que melhoraram a nossa relação com a língua, a cultura e a arte de pensar. Lídia Jorge é um desses nomes – ‘O Dia dos Prodígios’ é um livro marcante para a nossa memória do Algarve “e das províncias”, mas também para a transformação, para melhor, do Português como língua de criação. Curiosamente, o exemplo de Lídia Jorge com ‘O Dia dos Prodígios’ foi pouco acentuado e, hoje, a nossa ficção é sobretudo urbana. Não é de estranhar. Mas o mundo desse livro é, desde 1979, uma barreira contra a degradação e o esquecimento. Obrigado, Lídia.

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Depois de ‘As Horas’ e ‘Uma Casa no Fim do Mundo’, a Gradiva publica o novo romance de Michael Cunningham, ‘Ao Cair da Noite’ – uma bela elegia, melancólica e poética, sobre todas as nossas dúvidas. Um dos livros deste fim de ano.

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FRASES

"Uma das coisas que o sectarismo e a propaganda fazem é destruir alguma capacidade crítica." Jorge Lopes de Carvalho no blogue Manual de Maus Costumes.

"Sentimos todos uma alegria surreal." Quinaz, jogador do Pinhalnovense, que chegou aos quartos-de-final da Taça. Ontem, no CM.

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dezembro 14, 2010

Blog # 757

John Le Carré, isso mesmo. Leiam John Le Carré. Em ‘O Venerável Espião’, George Smiley vê-se a braços com a destruição de todo o sistema de espionagem britânico. De um dia para o outro, fontes, circuitos de informação, telegramas secretos, nomes de espiões – tudo é posto a nu pelos soviéticos e, por isso, é necessário “começar de novo”. Na época não existia Wikileaks. Mas imaginem, por um instante, que nos dias de hoje convinha “começar de novo” todo o sistema de informações. Nada melhor do que destruir a honorabilidade e os segredos que até então estavam guardados a sete chaves, mas que eram relativamente pecaminosos. Aí está uma forma muito inteligente de “começar de novo” e com a alegria colaborante do “inimigo”. Nada que não se aprenda nos livros de espionagem.

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A saída de Carlos Veiga Ferreira da Editorial Teorema é mais do que um “ato de gestão”. Todos os bons leitores de hoje são, de alguma maneira, devedores da Teorema e dos livros que ele trouxe para Portugal ao longo de duas décadas.

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FRASES

"A maioria das empresas só consegue sobreviver com mão-de-obra barata e concorrência desleal." António Ribeiro Ferreira, ontem, no CM

"Deus abençoe a Wikicoisa. Estamos finalmente na ribalta!" Afonso Azevedo Neves, no blogue 31 da Armada.

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dezembro 13, 2010

Blog # 756

Este mês, a & Etc assinala 38 anos vida. No caso de uma editora como a & Etc trata-se de mais do que “a maioridade”; se há distinções de mérito cultural que vale a pena atribuir, uma iria direitinha para a & Etc e para o trabalho de Vítor Silva Tavares e de todos os que passaram pela pequena editora (que começou, em janeiro de 1973, como uma ‘folha cultural’) que se tem dedicado sobretudo à poesia – que tem vivido pela literatura. Publicidade minha: a & Etc acaba de publicar, entre outros, ‘O Prolífico e o Devorador’, de W.H. Auden, com tradução de Hélder Moura Pereira, e ‘O Ano da Morte de José Saramago’, de Amadeu Baptista, ‘Coisas que Nunca’, de Inês Lourenço, ou ‘Uma Semana de Bondade’, de Max Ernst. Há editoras que não precisam de história. Fazem-na todos os dias.

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Li, sem parar, o livro de Tony Judt, ‘Um Tratado sobre os nossos Atuais Descontentamentos’ (Edições 70). A reter a procura de uma política da generosidade; coisa de que nos esquecemos. Reconstruir os nossos números do mundo.

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FRASES

"Quando íamos ser presas, aconteceu o 25 de Abril." Maria Teresa Horta, sobre o processo das ‘Três Marias’. Ontem, no CM.

"Há um verso de um poeta alemão que diz: Olha para as tuas convicções e vê: estão velhas." Luís Januário, no blogue A Natureza do Mal.

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dezembro 11, 2010

Intervalo para a taça

Na próxima segunda-feira, vamos poder ver o jogo entre o Manchester United e o Arsenal em Old Trafford. Chamo a atenção para o facto porque Alex Fergusson e o ManUnited pediram aos adeptos para não insultarem Arsène Wenger, o treinador dos londrinos. Mais. O ManUnited pondera retirar os bilhetes de época aos adeptos que entoarem cânticos ofensivos para Wenger: «Há muito para pensar e admirar no jogo sem ter de se denegrir pessoas.» Eu gostava de ver um clube, até mesmo o meu, a tomar decisões idênticas. O futebol está cheio de coisas funestas, e é pena — na maior parte das vezes, de insultos, bolas de golfe, maçãs e protecção a bandoleiros que deviam estar proibidos de entrar nos estádios.

Isto acontece porque gosto de estádios. Ver um jogo no estádio oferece uma vantagem adicional importante e quase decisiva sobre ver um jogo na televisão: não tem comentadores. Sei que é uma campanha pessoal e solitária (escrevi sobre o assunto no Expresso da semana passada), mas acho que merece discussão. Quando vemos um comentário a um filme, a um livro, a uma obra de arte — pedimos qualidade, gramática e ponderação. Às vezes pedimos humor, que é necessário. Até a parcialidade é aceitável desde que o comentador, ou crítico, esclareça o seu lado da barreira. O futebol, por isso mesmo, é o lado da nossa vida onde são admitidos a cegueira, o entusiasmo excessivo, a falta de imparcialidade. Mas há um mínimo de urbanidade e de cavalheirismo que deviam compor o retrato num estádio. Não sei se viram Invictus, o filme sobre Mandela e o rugby, de Clint Eastwood, com Morgan Freeman e Matt Damon. A certa altura alguém diz: «O futebol é um jogo de cavalheiros jogado por desordeiros. O rugby é um jogo de desordeiros jogado por cavalheiros.» E era isto que eu gostava: que o futebol voltasse a ser jogado e comentado por cavalheiros. Os cavalheiros têm humor (muito humor), festejam, assobiam, são parciais, mas não passam o limite da absoluta sandice.

É o intervalo para a Taça. Para a semana volto ao ataque.

in A Bola - 11 Dezembro 2010

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dezembro 10, 2010

Blog # 755

O governo decidiu ontem que, em Portugal, a aplicação do acordo ortográfico nas escolas começará no próximo ano letivo – e a administração pública tê-lo-á a partir de janeiro de 2012. É uma corrida contra o tempo e o Brasil está à frente. Portugal esperou que Angola e Moçambique assinassem o protocolo mas não percebeu que, mal o acordo entrasse em vigor no Brasil, nada havia a fazer e que daqui a uns anos haverá apenas uma versão de ‘português’ na internet. Cada um escreverá literatura como quiser, e não haverá coimas, perseguições e castigos públicos; mas a existência de uma norma ortográfica não faz mal a ninguém. A língua é uma máquina flutuante e o Português não nos pertence por inteiro. Na verdade, não são as musas que choram; são as consoantes mudas, sobretudo.

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Paremos. De vez em quando faz bem. O que tem a vida política a oferecer-nos mais? Folheie-se e leia-se ‘Estética e Política. A Partilha do Sensível’, de Jacques Rancière (edição da Dafne). Ofereça ao seu deputado.

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FRASES

"Primeiro partiram a orelha ao burro, no segundo ano roubaram o burro, agora foi a vez da Virgem." Sofia Guedes, de ‘O Presépio na Cidade’. Ontem, no CM

"O Photoshop é o mais antigo recurso de campanha eleitoral. Cavaco parece mesmo humano." Luís M. Jorge, no blogue Delito de Opinião.

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dezembro 09, 2010

Blog # 754

O primeiro-ministro não resistiu a festejar os resultados dos alunos portugueses (de 15 anos) nos testes do PISA, que representam uma melhoria nítida em relação a anos anteriores. Quem ama a propaganda, sucumbirá à propaganda. Na verdade, não é apenas um “trabalho de estatística”, como o seriam o fim dos exames ou a falta de rigor nas provas de matemática e português, em que os seus governos insistiram. Portugal continua abaixo da média (com 487 pontos para 493 de média, contra 556 de Xangai ou 539 da Coreia). Os resultados provam que não se melhora numa legislatura nem com propaganda aos computadorzinhos – é trabalho de uma geração e vem de há mais de dez anos. Daqui a mais dez se verá se vale mais apostar na exigência e no trabalho do que no festejo das estatísticas.

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O regresso das coisas minuciosas: ‘Brevíssimo Inventário’, de Marcello Duarte Mathias (Dom Quixote), deve ser lido. Recupera textos anteriores (como os de ‘Lembrar de Raízes’) e é um bálsamo contra o excesso e o ruído do tempo.

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FRASES

"Não vi criança nenhuma. Havia agora um silêncio brutal. Era o silêncio da morte." Jorge Catrau, 51 anos, sobre o tornado de Tomar. Ontem, no CM.

"Democratizar a megalomania implica menos mortos que democratizar o Iraque." No blogue Ouriquense, sobre a popularidade dos blogues.

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dezembro 08, 2010

Blog # 753

Tenho dúvidas sobre a nuvem. Explico. O serviço GoogleBooks, lançado esta semana nos EUA, não tem livros propriamente ditos; em seu lugar existe uma “nuvem”, qualquer coisa etérea que está “na rede” e que abriga todos os textos. O leitor acede a esses textos através da sua conta Google ou Gmail sem precisar de ter qualquer objecto físico em seu poder. Exactamente como o GoogleDocs. Ou seja, os livros passam a ser ficheiros Doc. Tenho dúvidas. Gosto de ter livros ao pé de mim; não sei se isto se passa consigo, mas eu conservo esse pecado, o egoísmo dos livros. Frequento bibliotecas, mas torno-me “proprietário” ficcional dessas bibliotecas e desses livros. Não estou a ver-me proprietário de uma “nuvem” que, ainda por cima, não existe. Onde é que vou deixar bilhetes e rasuras?

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Alerta lampiões! ‘A Chama Imensa’, que recolhe as crónicas benfiquistas de Ricardo Araújo Pereira (Tinta da China) está a chegar às livrarias – Ricardo trata o futebol como eu gosto: humor, cegueira, histeria. Guerra é guerra.

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FRASES

"Mas os alemães […] não querem pagar a conta dos erros dos outros." Armando Esteves Pereira, ontem, no CM.

"Fecharam o Assange [Wikileaks] antes de fecharem Guantanamo." João Miranda, no blogue Blasfémias.

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dezembro 07, 2010

Blog # 752

Já não devíamos manifestar surpresa – mas o número é comprometedor. Segundo a Anacom (a autoridade das comunicações) os portugueses enviaram 6,6 mil milhões de SMS no segundo trimestre de 2010. Enfim, segundo as minhas contas, isto corresponderá a cerca de 27,5 mil milhões de mensagens escritas até ao fim do ano, com o Natal e o Fim de Ano de permeio. A essa conta delirante há ainda a acrescentar as MMS, que já vão em cerca de 35 milhões. Mais coisa menos coisa, em Portugal há quase dois telemóveis por habitante. Os portugueses comunicam muito? Sim, às escondidas, no segredo das SMS, e creio que a propósito de tudo e de nada – sobretudo de ninharias. Há uns vinte anos, a nossa vida seria impossível. Como fazíamos para marcar encontros, felicitar um amigo? Um mistério.

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Nobel, egípcio, persegudo pelos fundamentalistas, amante da sua grande cidade, o Cairo – este é um possível pequeno resumo para Naguib Mahfouz, de que a Civilização acaba de publicar O Cairo Novo. Tudo se passou há setenta anos.

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FRASES

"A defesa pura dos interesses de Estado nem sempre coincide com os interesses dos povos." Eduardo Dâmaso, ontem, o CM.

"Os meus 37 anos de vida não foram suficientes para que percebesse quem foi o Sá Carneiro." Maradona, no blogue A Causa Foi Modificada.

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dezembro 06, 2010

Blog # 751

O primeiro-ministro tem uma obsessão benigna com o computador Magalhães, que apresenta ao mundo como uma grande realização do seu governo. Na cimeira ibero-americana José Sócrates disse que o plano tecnológico, de que o Magalhães é símbolo, “melhorou a aprendizagem, aumentou o nível de satisfação dos alunos na sala de aula, mudou a relação entre aluno e professor”, entre outras maravilhas. Esses dados são apenas propaganda, e da mais medíocre e banal. Um pouco por todo o lado, os computadores são retirados da sala de aula, precisamente, porque a aprendizagem piorou, os níveis de conhecimentos baixaram e os resultados são negativos. Vender computadores é uma coisa, e o negócio corre bem. Mas a educação é um assunto sério que não deve ser entregue a vendedores de ilusões.

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Poemas desde 300AC até 1930: é este o campo coberto por ‘Uma Antologia de Poesia Chinesa’, de Gil de Carvalho, agora reeditada pela Assírio & Alvim. Uma preciosidade no meio do ruído do mundo. Grandes pérolas para conhecer.

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FRASES

"Carlos César resolveu avisar o continente de que não tenciona acatar as decisões da República." João Pereira Coutinho, ontem, no CM.

"Camarate faz trinta anos, o regicídio fez cem. Conto com um medievalista para saber a verdade." António Figueira, no blogue 5 Dias

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dezembro 04, 2010

Hat trick

Ontem à noite lembrei-me, e não fui o único, do mítico jogo de Tóquio contra o Peñarol que deu ao FC Porto o seu primeiro título mundial. Também me lembrei daquele outro jogo de Viena, em 1987, quando o FC Porto se sagrou campeão europeu diante do Bayern de Munique. Ontem, sob o frio vienense e num relvado escondido pela neve, o FC Porto voltou a brilhar e a mostrar a qualidade europeia dos grandes anos, feita de persistência, concentração, capacidade de resistir e qualidade de jogo, sejam quais forem as condições meteorológicas. O hat trick de Radamel Falcao vale como uma espécie de símbolo – isso e a alegria genuína de André Villas-Boas, perfeitamente justificada como o único treinador que até agora, em toda a Europa, ainda não viu a sua equipa derrotada durante esta época. Com um Hulk criativo e dominador, um João Moutinho finalmente feliz (tão diferente do ano passado) e comandante do meio campo, um Belluschi transformado em acelerador, um Fucile resistente e lutador, uma defesa capaz de funcionar em bloco, até com as presenças confiantes de Guarín e de Ukra (em ambos casos, boas notícias), o hat trick de Falcao é o refrão deste hino ao futebol.

É preciso reconhecer, além do mais, que o jogo de ontem se realizou depois de um empate em Alvalade, diante de um Sporting que jogou mais e onde o golo de Falcao (apesar de não ter sido obtido em posição de fora-de-jogo, é sempre bom insistir) não bastou para fazer esquecer a apatia passageira de parte da equipa nem a relativa displicência da sua zona defensiva. Um empate em Alvalade, no entanto, não é um resultado negativo. É apenas uma parte do hat trick.


P.S. – Ontem, em Zurique, a organização do Mundial de 2018 foi cometida à Rússia. Não é uma má notícia para Portugal. De cada vez que um evento de grandes dimensões promete milhões e milhões de lucros, ficamos à espera deles em vão. Esses milhões devem estar escondidos em algum lado. Juízo é o que se recomenda.

in A Bola - 4 Dezembro 2010

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dezembro 03, 2010

Blog # 750

Trinta anos depois da sua morte (assinalados amanhã), a figura de Francisco Sá Carneiro continua a exigir interpretações e a suscitar discussões sobre o seu legado. Não admira: a morte fez dele um elemento essencial da nossa cultura trágica embora, na época, tivesse sido alvo de todos os moralistas, à esquerda e à direita. Antes dos outros exigiu que os militares abdicassem do poder; antes dos outros disse-se “não-socialista”; também não teve receio de ferir as suscetibilidades e os lugares-comuns dos tempos da revolução. Com ele, talvez a direita não fosse tão conservadora nem a esquerda tão segura de si. Pertence a uma época em que os primeiros-ministros podiam ser cultos, visionários, atrevidos, corajosos – e ter mundo. Um homem de combates não podia agradar a todos.

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As mais recentes crónicas de Fernanda Câncio estão publicadas em ‘Sermões Impossíveis’ (Tinta da China) – a de que mais gosto é ‘Elogio das Pispinetas” e pode aplicar-se, com justiça, à autora. Fazem-nos falta as pispinetas.

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FRASES

"São tantas empresas públicas na órbita do Governo que eu pergunto: o Governo, serve para quê?" Vasco Lobo Xavier, no blogue Mar Salgado.

"Não me senti confortável nas cenas de sexo. O que posso fazer? Fico nervosa." Jessica Alba, ontem, no CM.

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dezembro 02, 2010

Blog # 749

Parece terminado o episódio do Euromilhões de Barcelos. O tribunal decidiu com sensatez, dividindo o prémio pelos dois ex-namorados; faltou-lhe apenas pregar um sermão à rapariga que guardou os 15 milhões de euros apenas para si, mas os juros devem compensar. É um episódio de província, certamente – imbecil, cheio de imbróglios, despeitos, invejas, amores desfeitos e famílias ressentidas. Não dava um filme, sequer; não daria uma notícia de jornal; apenas um par de estalos e uma ordem de internamento. De facto, alguém que atuou desta maneira não merece 7,5 milhões. Vai gastá-los em quê? Quem sabe se o tribunal não deveria ter confiscado uma parte desse dinheiro até aqueles neurónios rarefeitos se decidirem a funcionar. Nisto andaram aquelas almas quase quatro anos.

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A João Paulo Martins, João Afonso e Aníbal Coutinho, autores dos habituais guias de vinhos, junta-se agora Rui Falcão (‘Guia de Vinhos 2011), com a sua escolha para a garrafeira do próximo ano (edição Clube do Autor). É beber.

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FRASES

"Os ministros não se entendem e parece que já não percebem ou respeitam o seu chefe."
António Ribeiro Ferreira, ontem, no CM.

"Três coisas garantidas: a morte, os impostos e um novo inquérito a Camarate em Dezembro." Filipe Santos Costa, no blogue Elevador da Bica.

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dezembro 01, 2010

Blog # 748

Trezentos e setenta anos depois, Portugal e Espanha continuam a desconfiar um do outro. Convém. A Catalunha (Aragão), nossa ‘aliada’ em 1640, votou no domingo passado contra o ‘tripartito’ de esquerda e a retórica do folclore independentista. De alguma maneira, é também o regresso da Catalunha à Espanha, tal como a nossa crise económica é o regresso à Europa e ao seu contexto. Periodicamente, alguém aparece a defender a Ibéria, como se fôssemos mais felizes ou mais completos como nação se estreitássemos laços mitológicos com a Espanha. Não seríamos. A nossa amizade com a Espanha nasce desta oposição histórica e sincera, até porque o amor nasce sobretudo entre diferentes. Trezentos e setenta anos depois Espanha e Portugal são os termos dessa relação infiel e verdadeira.

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Fantástica edição, a de ‘Aos Ombros de Gigantes’, sobre as grandes descobertas da física e da astronomia, com coordenação de Stephen Hawking (Texto): um fundo inesgotável (1300 págs.) de maravilhamento e de ciência para todos.

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FRASES

"Ao seu jeito, Mourinho sabe ganhar. Mas é certo que nunca será grande a perder." Rui Rocha, no blogue Delito de Opinião.

"Estamos moderadamente otimistas. Podemos ganhar." Miguel Angel Lopéz, diretor da candidatura ibérica à organização do Mundial de futebol de 2018.

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